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O anúncio da canonização transformou Frei Galvão em uma promessa de sucesso comercial. Livros, CDs, medalha comemorativa e uma série de artigos religiosos chegaram ao mercado neste mês. A certeza de bons negócios envolvendo a devoção ao primeiro santo brasileiro chegou até mesmo ao comércio informal: é possível encontrar artigos do beato até em sites de leilões.

O próximo lançamento que vai colocar o nome de Frei Galvão estampado ao lado de um código de barras será um CD, da Paulinas Comep. A gravação com a narração da vida do religioso, a novena das pílulas e mais três músicas inspiradas no religioso chega ao mercado no fim do mês.

Frei Galvão ganhou a sétima obra da série de CDs batizada com o nome "Minha Devoção". O nome do frei vai estar nas prateleiras ao lado de outros CDs da série dedicados a Santa Edwiges, a São Cristóvão, a São Judas, a Santa Rita de Cássia, a Santo Antônio e a Santo Expedito. Para os responsáveis pelo lançamento, a escolha comprova a popularidade do primeiro brasileiro a ter a santidade reconhecida pelo Vaticano.

"Pensamos no público em geral que quer aprofundar a vida dos santos. O CD facilita a vida de quem quer ouvir no carro e não tem tempo de ler um livro", comentou a irmã Eliane De Pra, responsável pelo marketing da gravadora.

O mercado editorial foi um dos primeiros a descobrir os milagres de Frei Galvão. Logo após a beatificação do religioso, em 1998, foram lançados os primeiros livros. Neste mês, pelo menos seis obras foram lançadas. A mais barata, "Beato Frei Galvão - Um Brasileiro Na Glória Dos Santos", da editora Vozes, custa R$ 6,70. Foi planejada em uma linguagem popular e preço acessível, a pedido das Irmãs Concepcionistas da Luz, que vivem no mosteiro fundado em São Paulo pelo próprio frei.

O mesmo mosteiro deve ser beneficiado pela venda de medalhas comemorativas da canonização do beato. Produzida pelas mesmas empresas que elaboraram medalhas para o Santuário Nacional de Aparecida, a peça em bronze custa R$ 76. Uma face mostra o busto do religioso; o verso apresenta uma imagem em relevo do Mosteiro da Luz.

Além dos souvenirs, também vai ser comercializado um produto de uso litúrgico. A Cúria da Região Episcopal de Santana e empresa Arte Sacra Luiz Carrara, vão comercializar 600 âmbulas (recipiente para transporte de hóstias ou óleos santos) inspiradas na canonização do religioso.

De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Executiva da visita do Papa, as peças serão abençoadas pelo Papa. Cada uma custará R$ 350,00. A maior parte deve ser vendida para paróquias espalhadas pelo Brasil.

Também devem ser comercializadas réplicas de outros itens usados na celebração - como o cálice, o cibório, a patena e o cálice para a comunhão dos bispos.

Pela web

Nos sites de leilões, basta uma busca simples para encontrar camisas, livros usados e imagens de Frei Galvão em resina. As camisetas, disponíveis inclusive em versão "baby look", custam entre R$ 13 e R$ 17. Na informalidade típica da internet, o religioso é apresentado em desenhos pouco tradicionais. Em um dos modelos, o frei ganhou uma auréola verde e amarela.

Em outra versão, o desenho da camisa chega a apresentar um resumo da maneira como muitos fiéis encaram a canonização: o beato é apresentado em um desenho com uma colher de pedreiro em punho, ao lado da frase "reconstruindo a fé brasileira".Mercado religioso

Apesar da informalidade de parte do comércio e do receio do clero de associar o catolicismo a uma forma de religiosidade "mercantilista", os especialistas afirmam que há uma crescente profissionalização do segmento.

Segundo o o consultor de marketing católico, Antonio Miguel Kater Filho, a presença dos católicos nos meios de comunicação e a profissionalização da atividade industrial se desenvolveram profissionalmente na última década. "A qualidade dos produtos religiosos até 10 anos atrás ficava muito aquém da expectativa dos fiéis", disse. "A necessidade da igreja fez que ela adotasse o marketing em todos os sentidos, não só na comercialização, mas na visibilidade da igreja e na utilização correta dos meios de comunicação", comenta.

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