A volta da Rede Integrada de Transporte Metropolitano (RIT) e do subsídio ao transporte público de Curitiba, anunciada pelo governador Beto Richa (PSDB) um dia depois de seu aliado Rafael Greca (PMN) ter sido eleito para a prefeitura da capital, ensejou nesta quinta-feira (3) uma troca de ataques entre o tucano e o atual prefeito, Gustavo Fruet (PDT). O chefe do Executivo municipal disse estar feliz pela cidade, mas profundamente indignado com a atitude do governo.
“É demonstração de abuso de poder, um ato deliberado que, a pretexto de provocar um resultado eleitoral, prejudicou milhares de moradores de Curitiba e da Região Metropolitana”, disse Fruet. “Eu não sei que nome pode ser dado a isso, mas é a vitória da dissimulação, é a vitória do cinismo, é a vitória da esperteza. É uma demonstração de imaturidade para o exercício democrático”, disse o prefeito.
Fruet ainda insinuou que o mesmo tipo de atitude por parte do governo do estado pode explicar, outros problemas da cidade. “Agora a cidade pode entender por que o governo do estado atrasou sistematicamente o repasse de recursos para a saúde, para a compra de remédio, porque o governo do estado interrompeu todos os projetos de pavimentação, porque o governo do estado nesta gestão não liberou um financiamento novo solicitado a partir de 2013”, disse.
Richa rebate acusações
Do ponto de vista do governo estadual, a indignação de Fruet é infundada, já que a prefeitura de Curitiba é que teria pedido o cancelamento do subsídio. Para reforçar seu argumento, o governo distribuiu à imprensa um ofício enviado pela Urbs à Comec em janeiro de 2015. A Urbs é o órgão da prefeitura responsável pelo transporte coletivo e a Comec, o do governo. No documento, o presidente da Urbs, Roberto Gregório, pede o término do convênio que viabilizava o subsídio. O pedido, entretanto, foi feito em decorrência da diminuição de R$ 7,5 milhões para R$ 2,3 milhões no valor repassado pelo governo.
Na justificativa de Gregório exposta no documento, “essa redução transfere ao município de Curitiba uma responsabilidade financeira expressiva de um serviço que é de exclusiva responsabilidade do governo estadual”.
Em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira (03) ao lado de Rafael Greca, Beto Richa rebateu as acusações de Fruet. Para o governador, o prefeito está ressentido depois de ter sido “fragorosamente” derrotado nas urnas. “Faltou competência. Não adianta ele querer tapar o sol com a peneira e com inverdades querer justificar a sua incompetência”, afirmou.
Segundo Richa, o prefeito Gustavo Fruet esteve várias vezes em seu gabinete recebendo recursos do estado. “Recurso ele recebeu. O problema da prefeitura de Curitiba é um só: gestão”, disse.
O governador ainda citou como exemplo um repasse de R$ 37 milhões feito pelo estado à prefeitura no fim de junho. O recurso tinha como destino o pagamento a dez hospitais que prestam serviços de média e alta complexidade ao município. Segundo Richa, um mês depois de repassada a verba, ele encontrou um dirigente do Hospital Pequeno Príncipe que lhe disse que a instituição ainda não havia recebido o valor. De acordo com o governador, o dirigente chamou a gestão de Fruet de “atrapalhada”.
Na opinião de Richa, o dinheiro repassado pode ter sido usado para custear outras áreas da gestão municipal. “A gente sabe que ele está com dificuldades em fechar as contas do município, então ele pega aqui, cobre ali, vai cobrindo, empurrando com a barriga os problemas da prefeitura”, afirmou.
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