Ônibus
Presidentes da Câmara e da Assembleia batem boca sobre fim da ajuda estadual
Angieli Maros
A Câmara de Curitiba aprovou ontem uma moção para que o governador Beto Richa (PSDB) mantenha e amplie o subsídio do estado para rede integrada de transporte de Curitiba o que ajudaria a evitar um reajuste maior da passagem de ônibus. Logo depois da aprovação da moção, o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Valdir Rossoni (PSDB), criticou os vereadores. Por meio do Twitter, disse que a Câmara de Curitiba deveria fazer uma "faxina nas mordomias" dos vereadores para economizar dinheiro e, assim, usar a sobra de recursos no sistema de transporte.
O presidente da Câmara, Paulo Salamuni (PV), reagiu e pediu uma retratação de Rossoni. "Essa chacota não condiz com a gravidade do momento. Se houver mordomia, que [Rossoni] aponte onde está e, juntos, se tiver um problema, vamos resolver. Tratar esse assunto de uma forma até inconsequente não contribui em nada para resolver o problema", disse Salamuni.
O presidente da Câmara ainda afirmou que a Casa já está discutindo a questão do fim do subsídio. "A Câmara está aberta a sugestões úteis. Convido o Rossoni, o governador do estado e o prefeito de Curitiba para que possamos sentar juntos e discutir essa questão. O município está numa situação difícil."
Após a repercussão de sua declaração na Câmara de Curitiba, Rossoni voltou a comentar a polêmica e se negou a pedir desculpas: "Não ofendi ninguém. Apenas expus a realidade", disse ele.
A assessoria de comunicação da Assembleia, posteriormente, emitiu nota informando que Rossoni apenas sugeriu que os vereadores sigam o exemplo da Assembleia, que, em dois anos, devolveu R$ 210 milhões aos cofres estaduais por ter economizado recursos do orçamento do Legislativo.
Na mesma nota, Rossoni voltou a declarar: "Quem não deve não se ofende. Não tem polêmica. Só disse que os poderes legislativos têm que assumir sua responsabilidade e enxugar a máquina administrativa. E que essa economia pode voltar para a prefeitura para que o prefeito possa aumentar o subsídio da passagem de ônibus".
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Um dia depois de anunciar o fim do subsídio de R$ 64 milhões anuais ao transporte coletivo de Curitiba, o governador Beto Richa (PSDB) alfinetou o prefeito Gustavo Fruet (PDT) dizendo que não fica "choramingando pelos cantos" diante dos cortes nos repasses da União ao Paraná. Segundo o tucano, o transporte urbano é uma responsabilidade dos prefeitos, que não pode ser terceirizada para o estado. Por meio da assessoria de imprensa, Fruet disse que não iria comentar as declarações de Richa. O clima esquentou também na Assembleia Legislativa, onde as bancadas de governo e oposição trocaram farpas a respeito do assunto.
Ontem, durante cerimônia de entrega de viaturas às polícias Civil e Militar e de formatura de novos bombeiros, em frente do Palácio Iguaçu, Richa defendeu-se das críticas de que teria cortado o benefício porque seu candidato a prefeito em 2012, Luciano Ducci (PSB), foi derrotado na eleição do ano passado. "Nós auxiliamos [Curitiba] por um determinado momento, mas não quer dizer que vamos assumir essa responsabilidade de forma permanente", argumentou. "Ora, se nem a prefeitura de Curitiba dá subsídio [ao sistema], querem cobrar do estado que dê esse subsídio?"
Logo na sequência, o tucano partiu para o ataque direto a Fruet, a quem acusou de tentar terceirizar os problemas da capital. Richa fez questão de ressaltar que, na campanha eleitoral do ano passado, o pedetista e os demais candidatos "bateram no peito e disseram que iriam resolver o problema do transporte coletivo". "Não me lembro em nenhum momento, durante a campanha, de o prefeito dizer que iria recorrer ao governador para ajudar a resolver esse problema", ironizou.
Por fim, Richa disse estar cumprindo sua obrigação como governador, mesmo com um corte de mais de R$ 1 bilhão nos repasses da União ao Paraná em 2013. "De mais a mais, estou perdendo cerca de R$ 1 bilhão de receitas em função dos últimos anúncios do governo federal. Nem por isso estou aí choramingando pelos cantos."
Confronto legislativo
Líder da oposição na Assembleia, o deputado Tadeu Veneri (PT) disse que Richa está indo muito ao interior do estado, para "sair nas fotografias", mas se esqueceu da região metropolitana de Curitiba (RMC), cuja rede de transporte é integrada com a capital. "Será que é por que ele perdeu a eleição [para governador] na RMC, ou por que o Requião fez lá 90% dos votos para senador?" questionou. "Se isso não faz diferença para ele, que não anda de ônibus, faz para os mais pobres. Essa decisão não é um tiro no pé, é um tiro no peito."
Em resposta, o líder do governo na Casa, Ademar Traiano (PSDB), destacou que, desde 2005, está sem resposta do governo federal a Carta de Curitiba, em que prefeitos de todo o país solicitavam à União a desoneração de impostos para conseguirem reduzir o custo da tarifa de ônibus. "O Beto, quando foi prefeito, geriu o sistema sem nenhum subsídio e ainda conseguiu implantar a domingueira a R$ 1", argumentou. "A gestão pública é para quem tem capacidade e competência. O Gustavo prometeu o mundo durante a campanha. Já passou do momento de ele começar a governar."
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