Os funcionários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reunidos nesta sexta-feira em assembléia nacional no Rio de Janeiro decidiram manter o movimento grevista que dura desde o último dia 7 de julho. O diretor executivo do Sindicato Nacional da categoria, Antonio Carlos Alkmim, revelou que os grevistas resolveram inclusive ampliar a paralisação. Toda a parte de pesquisa do órgão, localizada na sede da instituição, na avenida Chile, no centro da cidade, teve suas atividades paradas.
Alkmim negou que apenas 20% dos servidores estejam participando da greve, conforme avaliou o Presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes. Segundo ele, a adesão é de pelo menos 35% dos funcionários.
Os grevistas reafirmam que o IBGE deixou de fazer este ano duas importantes pesquisas: a contagem populacional e o censo agropecuário, devido à falta de recursos. A alegação não é confirmada pelo Presidente do Instituto, que atribuiu aos elevados recursos envolvidos, da ordem de R$ 480 milhões e R$ 420 milhões respectivamente, a causa da não realização dos estudos.
Já Antonio Carlos Alkmim tem outra versão para o fato. Disse que como é o próprio IBGE que faz o seu orçamento, "ou ele não incluiu as pesquisas no seu orçamento por decisão própria ou por determinação do ministério do Planejamento", ao qual está subordinado.
- Se não é por falta de recursos, a contagem não sai por responsabilidade da direção do IBGE ou então por responsabilidade do ministério - disse.
Alkmim defendeu a questão da contagem da população. Assegurou que o Sindicato é a favor da realização da contagem e do censo Agropecuário. Destacou que o Censo é importante para o diagnóstico da realidade agrícola do país, envolvendo temas como a questão fundiária e as condições de trabalho no campo, entre outros. O sindicalista indicou que situação semelhante só ocorreu durante o governo Fernando Collor, "que suspendeu o Censo de 1990".
Alkmim criticou o fato de "pela primeira vez desde a ditadura militar" uma decisão judicial que garantia o pagamento dos salários aos servidores em greve ter sido desrespeitada pela direção do IBGE. Avaliou que há uma contradição entre os dirigentes do Instituto e o ministério.
- Ninguém assume a responsabilidade da negociação junto aos trabalhadores do IBGE. Inclusive não formulam uma proposta - afirmou.
Disse que até agora não foi apresentada aos servidores nenhuma proposta concreta sobre uma possível reestruturação do plano de carreira do IBGE.
- É preciso apresentar os documentos, botar isso no papel por escrito - disse.
Segundo o Presidente do Instituto, esta teria sido a contraproposta do governo às reivindicações formuladas pela categoria. Alkmim negou ainda que o movimento pretenda a derrubada do governo Lula, como afirmou estaria dizendo o ministro Paulo Bernardo.
- O nosso movimento é reivindicativo, salarial e institucional, afiançou.
Antonio Carlos Alkmim considerou uma atitude desumana o corte determinado pelo governo nos salários dos grevistas em setembro, o que é inédito na história no sindicato. Informou que as negociações foram iniciadas pelos funcionários com o Instituto em março e que a pauta salarial vem sendo discutida desde outubro do ano passado.
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