Frustração, decepção, indignação, perplexidade, raiva e medo do futuro. Esses são alguns dos sentimentos apontados por fundadores do PT em Londrina diante da crise vivida pelo partido. Os professores universitários Alcides Carvalho e José Mário Angeli, o sindicalista Geraldo Fausto dos Santos (Ceará) e o contador Osvaldo Lima avaliam a dramática situação do governo e do presidente Lula. Com exceção de Carvalho, desfiliado em 2001, todos ainda permanecem no PT.

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"Vimos o partido crescer dentro de uma proposta diferenciada. Aí a gente assiste a uma derrocada geral por causa de um grupo que partiu para outra conduta", lamenta Alcides Carvalho, que filiou-se ao PT em 1985, foi candidato a prefeito em 1988 e secretário da Cultura do ex-prefeito Luiz Eduardo Cheida (hoje no PMDB).

"Aquilo que foi a grande identidade do PT, a ética, hoje está em frangalhos, totalmente dilacerada. O partido nasceu com a perspectiva de combate à política de negociatas na sociedade brasileira, na perspectiva de formar consciência, de estar junto com os movimentos populares, de combate à forma arcaica e corrupta de se fazer política. Este patrimônio foi para a cucuia", avaliou Angeli, que é professor do departamento de Filosofia da UEL e filiado ao PT desde 1980.

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"São milhões de pessoas que ao longo de 25 anos como eu fizeram um trabalho sério acreditando que o cidadão tinha voz e vez. E o povo brasileiro acreditou nisso. Agora vemos uma operação tão macabra como esta", desabafou Lima, que foi o primeiro candidato a prefeito da sigla, em 1982. Ele também ocupou o cargo de auditor no primeiro mandato do prefeito Nedson Micheleti e, no ano passado, concorreu a uma vaga na Câmara pelo partido, mas não conseguiu se eleger.

"O maior erro do partido foi ter se envolvido com este pessoal, com esta conduta, foram essas alianças que o PT fez com o Roberto Jefferson e partidos de direita, foi a contratação de Duda Mendonça para fazer a campanha", disse Ceará, que preside o Sindicato dos Bancários em Londrina. Ele filiou-se ao PT 1983 e disputou eleições para deputado estadual e vereador, mas não se elegeu.

A maioria dos petistas entrevistados acredita que Lula sabia das irregularidades. "Eu acho impossível o Lula não saber. Ele tem que admitir os erros. Por pior que seja a verdade, é melhor que a mentira", disse Carvalho. Visão parecida apresentou Angeli: "Acho que o Lula circulava pela cúpula nacional do partido e sabia do que estava acontecendo".