O exagerado empenho do deputado Carlos William (PMDB-MG) em defender a retirada de todos os indiciamentos e citações de irregularidades relacionadas ao fundo de pensão Prece, da Cedae, levou a um dos momentos de maior tensão durante a discussão do relatório do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) na CPI dos Correios. Além de assinar o substitutivo global do PT que suprime e manda para mais investigações no Ministério Público todo o tópico relativo à Prece, Carlos William, sub-relator do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) na CPI, apresentou ainda 14 votos em separado em defesa dos fundos de pensão.

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Em discurso lido na CPI, o deputado mineiro do grupo do ex-governador Anthony Garotinho foi agressivo e, exaltado, dirigiu palavras ofensivas a Serraglio. O sub-relator de Fundos de Pensão, Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), ficou indignado e acusou o PT de fazer um acordo com Garotinho para livrar a Prece em seu substitutivo.

- Deputado Carlos William, o senhor é o defensor da Prece, todo mundo sabe! - reagiu a deputada juíza Denise Frossard (PPS-RJ).

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- E Vossa Excelência a acusadora. Por que não prendeu todo mundo da Prece quando era juíza? - gritou Carlos William transtornado.

- Infelizmente nunca me foi levado nada da Prece quando era juíza, senão, já estavam todos com algemas nas mãos. É uma pena, porque a Prece é um caso de polícia, de crime de lesa-sonhos dos trabalhadores que lá depositam seu dinheiro - respondeu Frossard, estranhando depois por que um deputado mineiro tem tanto interesse em defender um fundo do Rio de Janeiro.

Durante sua atuação na CPI, Carlos William chegou a ser posto sob suspeição por causa de suas estreitas ligações com os fundos de pensão, especialmente a Prece. Ele disse que não admitia que nenhum parlamentar dissesse que ele estava defendendo os fundos. E se alguém achasse que estava com conduta indevida, que representasse contra ele no Conselho de Ética.

- O relator cometeu erros ululantes. Aconteceu aqui a delatação premiada e não delação premiada. Tem gente nos fundos de pensão dedando em troca de não ser citado no relatório. O relator, por interesses subalternos, escolheu quem quis para jogar aos leões. Usou um sistema draconiano de indiciamento dos dirigentes da Prece, deixando de fora a Petros e outros protegidos - atacou William.

O sub-relator ACM Neto também contestou o fato de o PT, em seu voto substitutivo, ter retirado tudo que dizia respeito a fraudes e irregularidades nos fundos de pensão.

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- Sem vergonha nenhuma o PT cortou tudo que dizia respeito à Prece e disse que não merecia ser investigada porque era uma empresa estadual. Foi um acordo com o Garotinho e pronto! Tudo que diz respeito a fundos foi deletado. Isso é uma atitude de quem está defendendo bandidos, corretoras e fundos que vêm lesando aposentados e trabalhadores há décadas. Mas não vai ser aprovado - protestou ACM Neto.