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Tragédias tão terríveis como a que vitimou o avião da TAM perto de Congonhas na semana passada inevitavelmente levam as pessoas a se perguntar sobre as reais chances de sobrevivência num acidente aéreo. As estatísticas revelam que voar ainda é, de longe, o meio mais seguro de transporte; e que, embora as conseqüências de um acidente sejam gravíssimas, ele não é a sentença imediata de morte que as pessoas imaginam.

Um dos mitos derrubados a respeito da chance de sobrevivência durante um acidente aéreo é a idéia de que tanto faz a posição do assento dos passageiros quando um problema sério acontece. Um levantamento feito pela revista americana de divulgação científica "Popular Mechanics" sugere que os passageiros sentados atrás das asas do avião, na parte traseira, têm cerca de 40% mais chance de sobreviver nesses casos.

A revista examinou dados de acidentes com aviões comerciais americanos acontecidos desde 1971, armazenados pela National Transportaton Safety Board (Comitê Nacional de Segurança no Transporte). Os acidentes analisados foram os que tinham tanto mortes quanto sobreviventes. Em 11 das 20 ocorrências, a sobrevivência era claramente maior na parte de trás do avião. Em outros cinco, os que estavam na frente sobreviveram significativamente mais. Nos outros, não parecia haver um padrão estatístico de sobrevivência. Em média, a taxa de sobrevivência dos passageiros sentados atrás das asas era de 69%, contra 49% dos sentados na extremidade da frente do avião.

Água salvadora

Outro mito é o de que os avisos sobre os assentos flutuantes (que permitiriam um pouso na água) não passam de um artifício para manter a tranqüilidade dos passageiros. Embora os aviões comerciais de grande porte não estejam fisicamente preparados para pousar na água e tendam a se despedaçar com facilidade mesmo em condições ideais, a chance de sobrevivência é geralmente maior do que o de um acidente em terra firme.

Exemplos históricos recentes trazem alguns dados a esse respeito. Em 2002, por exemplo, um Boeing 737 fez um pouso forçado no rio Bengawan Solo, na ilha de Java (Indonésia), depois que seus motores pegaram fogo. Após várias tentativas de religar os motores, os pilotos decidiram descer na água. Dos 60 ocupantes do vôo, uma aeromoça morreu. Em 1996, um Boeing 767-200ER, seqüestrado por terroristas na Etiópia, acabou ficando sem combustível e mergulhando em alta velocidade no oceano Índico. Mesmo assim, de 175 passageiros, 52 sobreviveram.

Falhas humanas

A maioria dos levantamentos estatísticos parece concordar que o principal fator a desencadear um acidente de aviação comercial é a falha humana. Um levantamento feito pela Boeing, envolvendo acidentes ocorridos entre 1996 e 2005, atribuiu 55% deles a erros da tripulação. A segunda causa preponderante (em 17% dos casos) foram os problemas mecânicos do avião.

Há também consenso sobre o risco maior de pequenas aeronaves em relação a aviões maiores: dados da Federal Aviation Administration (Administração Federal de Aviação, órgão do governo dos EUA) indicam 2.339 acidentes com aviões pequenos no biênio 2004-2005, contra apenas 39 desastres envolvendo aviões comerciais de grande porte.

Dois temores muito comuns para quem voa -- a ação de relâmpagos sobre a aeronave e a entrada de pássaros nas turbinas -- são relativamente infundados. Os jatos comerciais modernos têm um sistema que impede que material despedaçado, como gelo ou os restos mortais de um pássaro sugado pelas turbinas, cheguem até o centro do motor, minimizando o risco de uma falha catastrófica. Já os relâmpagos, embora assustem os passageiros, normalmente são retidos pela blindagem do avião sem maiores danos.

É quase desnecessário dizer que, embora os cintos de segurança sejam importantíssimos como ferramentas de segurança de vôo em situações normais (decolagem, pouso e turbulências), eles têm pouco ou nenhum efeito na sobrevivência dos passageiros no caso de um impacto realmente catastrófico.

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