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Brasília (AE) – A farra do uso do fundo partidário não aconteceu apenas no PT. A prestação de contas apresentada pelo PP ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) relativa ao ano de 2003, quando estava trocando o antigo nome de PPB, mostra gastos inusitados com esses recursos – eles serviram para comprar CDs, DVDs, árvores e enfeites de Natal, revista Playboy e até rolos de papel higiênico e pacotes de absorventes.

Os dados apresentados pelo partido ao TSE apontam que o partido utilizava o dinheiro do fundo para pagar todo tipo de despesa. Os gastos de Natal parecem não ter sido problema para alguns dos integrantes do partido. No dia 3 de dezembro de 2003, o partido desembolsou R$ 144,82 para pagar 17 artigos de Natal. A nota fiscal 002519/série B das Lojas Americanas em Brasília, anexada à prestação de contas do PP, mostra a compra de duas árvores de Natal canadenses, de 1 metro, por R$ 19,99 cada.

O partido comprou ainda, entre outros produtos natalinos pisca-pisca com 100 lâmpadas (R$ 11,99), enfeites do tipo "Papai Noel" (R$ 3,99) e "Ursinhos" (R$ 5,99), e uma caixa com 16 bolas de 50 milímetros (R$ 9,99).

Na prestação de contas não ficaram fora as compras do mês, até mesmo de uso estritamente pessoal. Uma nota do supermercado Pão de Açúcar, em Brasília, aponta um gasto de R$ 75,60, no dia 7 de agosto de 2003. O primeiro item da lista de compras é um pacote de absorvente, ao preço de R$ 2,39. Também foram adquiridos três pacotes de rolos de papel higiênico, um perfumado e dois neutros.

Outra nota de compras, de 16 de junho de 2003, indica que o dinheiro público destinado a gastos de campanha eleitoral foi desviado para abastecer a cozinha de um eleitor. Eles discriminam a compra de pacotes de feijão, filé de frango, tiras de coxão mole, patinho e chocolate. Claro que os produtos de limpeza não foram esquecidos. A nota mostra que o partido aproveitou essa ida ao supermercado para comprar também dois esfregões, detergentes, desinfetante, além de mais rolos de papel higiênico. O último item dessa lista desafia o bom senso no uso do fundo partidário: uma revista "Playboy", provavelmente com Viviane Bordin, a coelhinha da capa de junho de 2003.

A farra não esquece o lazer. Foram comprados nas Lojas Americanas, em 20 de junho de 2003, um CD de Caetano Veloso, por R$ 9,99, e dois DVDs contando a saga em dois volumes do ratinho Stuart Little. O primeiro volume custou R$ 42,99 e a continuação da história saiu mais em conta: R$ 39,99.

Multas

O partido também usou o fundo para pagar suas infrações de trânsito. Na prestação de contas entregue ao TSE está lá anotada a quitação de multas no valor de R$ 1.340,75, com vencimento no dia 3 de fevereiro de 2003. Segundo o registro da multa, foram seis infrações de trânsito cometidas pelo veículo Gol, placa JFU-9776, por velocidade superior ao permitido. O veículo tinha sido alugado pelo partido no período de 13 de agosto de 2002 a 13 de outubro de 2002.

Outra multa aparece nas contas do partido, cometidas por outro carro alugado pelo então PPB. Dessa vez é um veículo Ômega placa JFU 9641, que parou sobre a faixa do sinal em 18 de agosto de 2002. Essa multa custou ao fundo partidário mais R$ 85 13.

O presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE), se disse surpreendido pela farra com o fundo partidário. "CD, árvore de Natal?! Tem que ver isso. Não pode. Eu não sabia de nada. Vou mandar criar uma comissão de sindicância para investigar tudo isso", afirmou o deputado.

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