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Rio de Janeiro (AE) – Os bancos que estão no centro da crise política gerada pela relação do PT com o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza são o destino de investimentos de quase todos os fundos de pensão de estatais. O exame das aplicações dos fundos nos bancos BMG, Rural e Santos, cujas relações com o publicitário e o PT estão sendo examinadas pela CPI dos Correios, serão, provavelmente, um dos próximos passos dos parlamentares.

Um dos alvos da metralhadora giratória do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), os fundos carregam a suspeita de compensar, com parte de suas aplicações financeiras, os bancos que concederam empréstimos milionários ao PT, via Valério. Levantamento feito a partir das informações fornecidas pelos próprios fundos, mostra que esses três bancos receberam pelo menos R$ 600 milhões deles, cujos gestores não levaram em conta os riscos de aplicar em bancos considerados de segunda linha. Um deles, o Santos, foi liquidado este ano, levando milhões do patrimônio dos participantes.

Entre os fundos que mais investiram nessas instituições está a Fundação Real Grandeza, dos funcionários de Furnas. No fim do ano passado, 12,08% dos investimentos da fundação estavam concentrados nos bancos Santos (R$ 151,2 milhões), Rural (R$ 148 milhões), BMG (R$ 98,6 milhões), Mercantil do Brasil (67,4 milhões) e Panamericano (R$ 98,6 milhões).

O Postalis, instituto de seguridade dos funcionários dos Correios, investiu R$ 15 milhões em CDBs (títulos de renda fixa) do Banco Rural, resgatados em fevereiro, e outros R$ 70 milhões num Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) do BMG.

O fundo também tinha R$ 30 milhões em investimentos no Banco Santos, que viraram pó com a falência da instituição.

José de Souza Teixeira, que está à frente do Postalis desde 1995, minimiza os riscos assumidos quando decidiu trabalhar com esses bancos. Até porque, argumenta, não era possível prever a liquidação ou o envolvimento dessas instituições em um escândalo.

Convidado para o cargo por Sérgio Motta, então ministro de Fernando Henrique Cardoso, o diretor-presidente do Postalis diz ter relação exclusivamente técnica com esses bancos.

A decisão de investir, segundo ele, veio das atraentes perspectivas de rentabilidade. "Em tempo algum recebemos sequer uma insinuação ou outro tipo de pressão política em relação ao patrimônio do Postalis. Não posso impedir que peçam, mas recusamos o que tem de ser recusado", disse Teixeira, lembrando que o Postalis lida com pelo menos outros dez bancos.

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