Rio (AE) Irritados com as acusações de prejuízo e corrupção em suas operações de 2000 a 2005, feitas na última terça em relatório parcial do deputado federal ACM Neto (PFL-BA), os fundos de pensão se preparam para entrar na Justiça contra a CPI dos Correios. Representantes das fundações passaram parte do dia de ontem reunidos na sede da Valia, fundo dos empregados da Companhia Vale do Rio Doce, debatendo suas alternativas jurídicas no caso.
O presidente da Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros) Wagner Pinheiro, que saiu do encontro antes do fim, antecipou que vai mandar hoje uma carta à comissão, pedindo, em nome do fundo que dirige, explicações sobre como foi feito o trabalho do parlamentar, para que a instituição possa se defender das acusações de perder mais de R$ 60 milhões no mercado financeiro.
"Com todo o respeito, vamos pedir explicações sobre como o relatório foi feito, os critérios utilizados, o que são esses números, com o objetivo de podermos fazer a nossa defesa", explicou Pinheiro, em entrevista no fim da tarde. "O que é muito inusitado: eu ter que pedir a um órgão fiscalizador o direito de saber o que está fazendo, para que eu possa me defender."
O advogado Francisco da Costa e Silva, que representa o Sindicato Nacional das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Sindapp), confirmou que as fundações estudam ir à Justiça, mas não quis adiantar qual será a medida judicial a ser adotada. O relatório do deputado ACM Neto apontou suposto prejuízo de R$ 779 milhões paras 14 fundações suspeitas de desvio de recursos com fins políticos. "Isso é uma desmoralização. Houve um vazamento de informações erradas e truncadas", reclamou o advogado.