Eliane Calmon, ministra do STJ| Foto: Wenderson Araújo/Gazeta do Povo

A ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon disse considerar que o ex-colega Luiz Fux enfrentou "uma certa humilhação" para conseguir assumir uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), em março deste ano.

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Reportagem da Folha de S.Paulo de domingo passado mostrou os bastidores da nomeação de Fux. Em busca pelo convencimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, responsável pela indicação, Fux disse ter se encontrado com nomes como Delfim Netto, Antônio Palocci, Sérgio Cabral e José Dirceu, réu no processo do mensalão - que o magistrado acabou precisando julgar ao assumir o posto.

Após comprar briga com juízes e desembargadores no período em que presidiu o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Calmon criticou o que chamou de "influência política muito grande" no Judiciário. "Isso eu já tinha denunciado lá atrás, que nós precisamos mudar um pouco o sistema de influência. Não está errado o processo, mas a forma como nós fazemos dessa influência política é que está equivocada", afirmou Calmon, na sexta-feira, após participar de seminário sobre corrupção no Ministério Público Federal, em Salvador.

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A ministra, porém, elogiou a postura de Fux já com a toga do Supremo. "De qualquer sorte, aquele que passou por esse processo, que se submeteu até a uma certa humilhação de pedir, teve a independência necessária para julgar de acordo com as provas dos autos", acrescentou.

Em dois anos de CNJ, Calmon atuou no afastamento de oito juízes, em 50 sindicâncias e em inspeções em dez tribunais do Brasil. Com "muita visibilidade popular", segundo afirma, ela não descarta ingressar na política ao completar 70 anos, em 2014, quando será obrigada a se aposentar do serviço público.

A ministra atacou a proposta de redução do poder de investigação do Ministério Público. "É tudo que a polícia quer", disse. Também criticou o Tribunal de Justiça da Bahia, o qual investigou em seu mandato no CNJ. "Um Judiciário muito ruim, moroso, com gestão complicada, que não consegue acertar. É muito preocupante, porque nada melhorou. Eu mandava que corrigissem as coisas. Quando voltava para olhar, estava pior. É uma inação, uma falta de interesse, não sei", disse.