O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) disse nesta sexta-feira em São Paulo que está "partindo para cima" do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), e adiantou que vai pedir seu afastamento do cargo até que as denúncias de cobrança de propina sejam apuradas. Ele disse que vai pressionar os líderes, especialmente da oposição, para discutir o assunto. Para Gabeira, é preciso verificar a veracidade das denúncias:
- Não vou pedir a cassação do deputado, mas seu afastamento até que tudo seja apurado pelo Conselho de Ética. Não é possível a Câmara dos Deputados ser presidida por uma pessoa acusada de corrupção, com documentos, ainda mais num período delicado, quando há 18 pedidos de cassação de mandatos. Sua permanência ficou insustentável.
Antes de falar no seminário "Renovar idéias", promovido pelo Instituto Teotônio Vilela, em São Paulo, Gabeira disse que Severino é indigno do cargo:
- Estou partindo para cima do presidente da Câmara. Eu o considero indigno do cargo e acredito que ele já cometeu várias irregularidades. Ele é incompatível com o Brasil. A gente é um pouco melhor que isso e queremos ter um presidente da Câmara que, no mínimo, expresse a média do Brasil e não a sua visão mais atrasada.
O deputado disse que as denúncias de corrupção se aproximarão de Severino à medida que as investigações sobre o PP se aprofundarem. Segundo ele, o próximo presidente da Câmara não deverá ser um governista.
- Não é nem o mais avançado e nem o mais atrasado, mas que expresse a média do Congresso. A tendência do movimento de luta pela credibilidade do Congresso não é claramente oposicionista, mas inevitavelmente será oposicionista. Esse processo de corrupção é uma ramificação da corrupção no Palácio do Planalto. Nossa metástase é uma metástase da corrupção no Planalto - afirmou.
Severino, por sua vez, em nota divulgada nesta sexta-feira, contesta as denúncias que teriam sido feitas pelo empresário Sebastião Augusto Buani a revistas semanais sobre uma suposta cobrança de propina para renovar contrato do restaurante que fica no 10ª andar da Câmara. A nota diz que o contrato com Buani vence no dia 14 de setembro e não será renovado porque o restaurante está inadimplente com a Câmara em R$ 150 mil.
Segundo Severino, a dívida vai ser executada e o empresário teria feito pressões nos últimos dias para forçar a renovação. De acordo com a nota, "frustrado em suas pretensões, o empresário mente descaradamente para obter favores".
O presidente da Câmara solicitou ao ministro da Justiça a abertura de inquérito na Polícia Federal para apurar a suposta tentativa de extorsão.
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