Um esquema de "mensalinho" financiava a corrupção em São Jerônimo da Serra, a cerca de 80 quilômetros de Londrina. Todo mês, os vereadores da cidade podiam retirar até R$ 1 mil em combustível, nos postos integrantes do esquema, para uso em carros particulares.
Essa era uma das formas de desvio de dinheiro público que financiava a quadrilha integrada pelo prefeito, Adir Leite, a esposa dele, Silva Leite, o filho, Adir Carlos Leite e a noiva do filho, Aline Moreira. As informações foram dadas pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) ao programa Fantástico, da Rede Globo.
No total, 40 pessoas foram denunciadas e 18 foram presas, entre elas o prefeito e seu filho. O coordenador do Gaeco, Cláudio Esteves, resume o esquema. "Era dinheiro público empregado em proveito de particulares."
Além do mensalinho pago aos vereadores, as placas dos carros sucateados do município eram utilizadas na prestação de contas da Prefeitura. Quem autorizava os abastecimentos era a Aline Moreira, a noiva do filho do prefeito. Em um telefonema gravado com a autorização da Justiça, Aline contou ao noivo que usava essas placas com regularidade. "Todo dia, no final do dia, eu pego umas placa[sic]."
Em outro telefonema gravado pela Justiça, o vereador Amarildo Bueno pediu pneus ao prefeito Adir Leite. "Eu tô pensando num negócio, cara. Você não me arruma uns pneus? Tô andando "no arame", cara." O coordenado do Gaeco reforçou que todos os assuntos relacionados aos veículos eram utilizados para alimentar o esquema. "Fornecimento de baterias, peças e troca de pneus. Esses gastos com combustível e outros insumos eram colocados na conta do município, embora se destinasse a interesse de particulares ligados aos integrantes da administração."
Um dos proprietários de postos de gasolina pertencente ao esquema, Fernando Larine, disse em depoimento ao Ministério Público que pagava propina ao prefeito. No depoimento ele explicou que oferecia 50% de tudo o que recebia da Prefeitura. Segundo a reportagem do Fantástico, Fernando Larine teria R$ 90 mil para receber e oferecia R$ 45 mil de propina ao esquema.
Odirlei Nigra, dono de um posto de combustíveis e de um supermercado, tinha um contrato com a Prefeitura de quase R$ 2 milhões mensais. O empresário Sérgio Loreto, responsável pelo fornecimento da merenda escolar, também participava do esquema de corrupção. Com um contrato de R$ 329 mil mensais, ele pagava 10% deste valor ao filho do prefeito, Adicarlos Leite.
Segundo as investigações, o esquema funcionou durante pelo menos quatro meses. Neste tempo o Gaeco conseguiu rastrear notas frias, licitações fraudadas e produtos superfaturados. Um esquema que beneficiou diversos integrantes da administração pública e empresários.
Onde está o dinheiro?
O Fantástico tentou falar com o prefeito, Adir Leite, mas ele não atendeu ao repórter Eduardo Faustini. O promotor do Gaeco disse que o principal objetivo do Ministério Público é, além de punir as pessoas que praticaram o delito, rastrear o dinheiro público. "Se [a quadrilha] não devolver, efetivamente, o dinheiro desviado, terá que arcar com a resposta pelo patrimônio que possuem", disse Esteves.
Médicos afirmam que Lula não terá sequelas após mais uma emergência de saúde em seu 3º mandato
Mudanças feitas no Senado elevam “maior imposto do mundo” para 28,1%
Lula ganha aliado europeu no acordo Mercosul-UE e acerta venda de aviões da Embraer
Projeto que eleva conta de luz em 7,5% avança no Senado e vai para o plenário
Deixe sua opinião