Caso Iguaçu do Brasil
A Iguaçu do Brasil é acusada de fraudes na construção de condomínios e casas, na compra de terrenos que não teriam sido quitados, além de ter recebido alvarás da Prefeitura de Londrina para obras que não haviam sido concluídas. Mais de 650 famílias - entre compradores e trabalhadores - foram lesadas e o prejuízo pode chegar a R$ 100 milhões.
A Justiça do Trabalho em Londrina deu em setembro a primeira sentença favorável a um ex-empregado da construtora Iguaçu do Brasil. A decisão reconheceu o empresário Guidimar dos Anjos Guimarães como sócio oculto no caso e condenou-o ao pagamento de R$ 30 mil ao trabalhador. O processo é um dos 60 abertos por ex-funcionários contra a empresa e pode balizar as próximas decisões.
O vereador e ex-prefeito de Londrina Gérson Araújo (PSDB) é investigado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) por suposto favorecimento à construtora Iguaçu do Brasil, suspeita de ter aplicado um golpe milionário na cidade. O vereador e o ex-chefe de gabinete William Polaquini Godoy estiveram na sede do Ministério Público na tarde de segunda-feira (22) para prestar depoimento.
O delegado do Gaeco, Ernandes Cézar Alves, explicou que o dono de um terreno, localizado na Avenida Henrique Mansano em frente ao Estádio do Café teria sofrido uma suposta pressão política para que a área fosse negociada com a construtora. Segundo os relatos da suposta vítima, a negociação da venda do terreno para a Iguaçu do Brasil estaria avançada quando foi procurado por Godoy.
O fato teria ocorrido quando Gérson Araújo assumiu o cargo de prefeito de Londrina, após a cassação de Barbosa Neto (PDT) e a prisão seguida de renúncia de Joaquim José Ribeiro (sem partido) em 2012.
"Ele [William Godoy] teria entrado em contato para informar que a Prefeitura tinha interesse em desapropriar o terreno. Por conta dessa informação, ele rapidamente fechou negócio com a Iguaçu do Brasil. Nossas investigações seguem no sentido de apurar se esse interesse na desapropriação era legítimo ou se isso foi feito para que a venda do imóvel ocorresse de maneira mais rápida", explicou o delegado.
O primeiro contato do ex-chefe de gabinete, de acordo com o delegado, foi feito junto aos antigos proprietários do terreno em 23 de novembro de 2012. Poucos dias depois, em 5 de dezembro do mesmo ano, o imóvel foi vendido para a Iguaçu do Brasil. Como o dinheiro prometido não foi pago em sua totalidade, as vítimas procuraram o Gaeco. "O terreno fez parte, efetivamente, do golpe aplicado pela construtora em Londrina", afirmou o delegado.
Alves não deu detalhes sobre o depoimento dos investigados, mas revelou que Araújo e Godoy negaram qualquer tipo de relação com a construtora. Além disso, o delegado tomou conhecimento de um requerimento assinado pelo vereador sugerindo ao prefeito Alexandre Kireeff (PSD) que solicitasse a desapropriação da área. O documento, porém, não foi protocolado o que teria impedido a tramitação normal do pedido.
Investigação deve demorar pra ser concluída
O delegado do Gaeco confirmou que, por envolver muitas questões subjetivas, a investigação pode levar tempo para ser concluída. Caso as investigações apontem para uma relação entre o vereador e a construtora, Araújo pode ser denunciado por crimes como estelionato.
A reportagem tentou contato com o vereador Gérson Araújo, mas ele não estava no gabinete dele na Câmara dos Vereadores. O vereador também não atendeu as ligações no celular. O chefe de gabinete na gestão de Araújo, William Polaquini Godoy, estava com o celular desligado por volta das 10h30.
Mais informações em breve.
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