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O suposto esquema de corrupção montado por auditores fiscais da Receita Estadual de Londrina teria avançado sobre a cidade vizinha de Araponga s ainda na década de 1990. É o que apontam depoimentos de empresários tomados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) nos últimos dias.

A “conexão Arapongas” é uma das novas frentes de investigação que devem ser abertas a partir de desdobramentos da Operação Publicano, focada em Londrina. O Gaeco investiga uma suposta organização criminosa, que teria reunido auditores fiscais, contadores e empresários para favorecer a sonegação fiscal em troca de propina.

Um dos depoimentos tomados pelos promotores, por exemplo, relata Orlando Coelho Aranda, auditor fiscal preso durante as investigações em Londrina, supostamente pedindo propina em dólares e até em móveis para uma fábrica de Arapongas.

Segundo um dos autores da denúncia envolvendo Arapongas, um empresário daquela cidade que já deixou o ramo moveleiro, as primeiras cobranças de propina teriam sido feitas entre 1995 e 1996, por um auditor fiscal. Ele chegou a pagar R$ 5 mil.

De acordo com o empresário, em 1997, quando ele estava em concordata preventiva e com a documentação em ordem, o fiscal teria voltado e recebido uma recusa ao pedido de propina. O empresário relata que, no dia seguinte, três carros da Receita Estadual teriam ido até a empresa, de onde levaram computadores e documentos, sem apresentar ordem de fiscalização ou deixar recibo da apreensão.

O empresário contou ao Gaeco que procurou então a Receita Estadual em Londrina, onde Aranda teria lhe pedido R$ 50 mil de propina para não lavrar um auto de infração de R$ 150 mil. Ele marcou uma reunião com Aranda na própria empresa, onde instalou uma câmera para gravar a conversa. Nela, o auditor, que pediu mais R$ 35 mil, além de guarda-roupa, berço e kit para cozinha, diz que a propina seria dividida “aos grupos de Londrina e de Curitiba”. A gravação, em VHS, está com o Gaeco.

Delações

Procurado, o advogado Walter Bittar, que defende Aranda, disse que ainda não teve contato com esse depoimento, mas adiantou que pretende questionar as delações premiadas negociadas com o Gaeco. “Estão em desacordo com a lei”, afirmou.

O promotor Cláudio Esteves, coordenador do Gaeco de Londrina, afirmou que as delações foram “tratadas e firmadas com os advogados dos denunciantes e submetidas à homologação judicial”. Segundo ele, esses acordos “atendem inteiramente aos requisitos legais”.

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