O ex-delegado da Receita Estadual em Londrina Marcelo Müeller Melle foi preso pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na manhã desta segunda-feira (21) em Cornélio Procópio. O nome do ex-delegado foi confirmado pelo delegado-chefe daquela cidade, João Manoel Garcia Alonso Filho.
Marcelo Müeller Melle saiu da chefia há cerca de um mês e teria entrado com o pedido de aposentadoria junto ao comando da Receita Estadual em Curitiba. Ele teve uma carreira curta como delegado em Londrina, assumindo a titularidade do órgão em meados de março deste ano. Naquele mês, ainda estavam no início as investigações da Operação Publicano a respeito de suspeitas de corrupção na Receita Estadual.
“Os policiais do Gaeco vieram para cá, prenderam o Marcelo e agora vai caber à Justiça saber se ele vai ser transferido para Londrina ou não”, disse o delegado de Cornélio Procópio, cidade onde Melle estava morando após pedir – há cerca de um mês – a saída da chefia da Receita para se aposentar. Em seu lugar assumiu o delegado José de Carvalho Junior.
Um outro ex-delegado da Receita Estadual em Londrina também foi preso na manhã desta segunda-feira em Curitiba. Trata-se de Luis Fernandes de Paula. Assim como Melle, ele também é suspeito de cobrança de propina de empresas em pelo menos cinco oportunidades. Segundo o Gaeco, o dinheiro da corrupção era dividido entre os auditores.
Aposentadoria
Em entrevista ao Jornal de Londrina em abril, o então delegado da Receita Estadual Marcelo Müeller Melle avaliou como normais os mais de 20 pedidos de aposentadoria entre os auditores de Londrina. Ao todo, havia 135 auditores lotados no órgão. Segundo ele, que também pediu para se aposentar semanas antes de ser preso, não havia relação entre os pedidos e as investigações do Gaeco.
“Os mais novos têm mais de 20 anos de casa, foram aprovados em concurso realizado em 1993. Como os servidores entram em grupos, após processo seletivo, é natural que haja diversos pedidos de aposentadoria ao mesmo tempo, pois todos atingem o tempo de serviço ao mesmo tempo”, explicou, à época.
Quando assumiu o cargo, Melle trouxe o discurso da “reconstrução” para a combalida Receita Estadual de Londrina. Segundo ele, a presença do auditor nas empresas seria uma exceção, e que a implantação da nota fiscal eletrônica seria uma forma de impedir novos casos de corrupção entre aqueles que deveriam ajudar no recolhimento dos impostos aos cofres públicos.
“Estamos iniciando um trabalho semelhante ao feito pela Receita Federal, que é a autorregularização. Assim que a empresa emite uma nota, os dados já entram automaticamente em nosso sistema. Caso haja alguma inconsistência nesses dados, os auditores podem emitir uma notificação eletrônica para o empresário regularizar a situação. Se mesmo assim nada for feito, só aí o fiscal vai até a empresa, buscar o que porventura haja de documentação oculta”, declarou, em abril.
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