O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e o Ministério Público cumpriram, na madrugada desta quarta-feira (6), 18 mandados de prisão e 48 de busca e apreensão em São Jerônimo da Serra, a 90 quilômetros de Londrina, no Norte do Paraná. Mais de 80 policiais participam da Operação Sucupira, que deve se estender pelos próximos dias. Santa Cecília do Pavão, Maringá, São Sebastião da Amoreira, Fazenda Rio Grande, Pinhalão, Nova Santa Bárbara e Mandirituba também são alvo da operação.
De acordo com o promotor do Gaeco Cláudio Esteves, a operação investiga os crimes de peculato que é o desvio de dinheiro por funcionário público , corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, fraude em licitações e formação de organização para o crime.
Os dois filhos do prefeito do município, Adir dos Santos Leite (PSDB), estão entre os presos. Eles são investigados por desvio de verbas públicas. O próprio prefeito também foi encaminhado ao fórum para dar explicações, já que durante o cumprimento dos mandados de prisão dos filhos foram encontradas armas que podem ser de propriedade de Leite.
Além dos filhos do prefeito, foram detidos ainda dois secretários municipais, três vereadores e empresários. A Justiça também concedeu 55 mandados de busca e apreensão e autorizou a quebra do sigilo bancário de 51 pessoas físicas e jurídicas. Contra os acusados havia mandados de prisão em aberto pela suspeita de envolvimento no esquema fraudulento. Há indícios, segundo o promotor do Gaeco, de que eles possam ter recebido dinheiro desviado dos cofres municipais. Empresários de São Jerônimo da Serra, além de secretários municipais também foram presos na operação. De acordo com a Polícia Civil de São Jerônimo da Serra, os presos foram transferidos para Londrina na tarde desta quarta. Há indícios, segundo o promotor do Gaeco, de que eles possam ter recebido dinheiro desviado dos cofres municipais. Empresários de São Jerônimo da Serra, além de secretários municipais também foram presos na operação.
Esteves explicou, por telefone, como funcionava o esquema descoberto pelo Gaeco. "A Prefeitura contratava com certas empresas, que realizavam apenas parte dos serviços. Mesmo assim, a nota era emitida em valores integrais. A diferença em dinheiro era repassada de volta para a organização, que dividia os valores", disse.
São investigadas também as empresas envolvidas no esquema. Segundo o promotor, a lista vai desde postos de combustíveis a fornecedores de peças automotivas, alimentos e prestadores de serviços. Os promotores vão cumprir mandados de busca em 55 locais, incluindo a prefeitura municipal, casas e empresas. A Justiça decretou a quebra do sigilo bancário de 51 pessoas e empresas.
Prefeito
Embora seja suspeito de chefiar o esquema e o Gaeco tenha pedido sua prisão preventiva, o prefeito Adir Leite não estava entre os procurados pela polícia, pois a Justiça não havia concedido mandado de prisão contra ele. Apesar disso, o prefeito acabou detido por porte ilegal de armamento depois que policiais encontraram três armas ilegais em sua casa aonde haviam ido para prender seus dois filhos.
Após cinco meses de investigações, o Gaeco de Londrina (PR) e a Promotoria de Justiça de São Jerônimo da Serra concluíram que pessoas ligadas à prefeitura e empresários se uniram para desviar dinheiro público. Segundo o coordenador do Gaeco, o procurador de Justiça Leonir Batisti, a prefeitura autorizava o pagamento de despesas injustificadas, como a compra de combustível e o uso de maquinários, para fins pessoais.
Batisti também garante que foram encontrados indícios de que o Poder Executivo superfaturava contratos de serviços que eram terceirizados e realizados por valores bem abaixo do valor empenhado pela prefeitura. Para isso, as licitações eram forjadas a fim de beneficiar empresários que participavam do esquema. Além disso, os promotores também suspeitam que a prefeitura pagava com dinheiro público o apoio de vereadores aos seus projetos. "Não temos dúvida quanto ao superfaturamento. Os serviços contratados poderiam ser feitos por preços bem abaixo dos pagos pela prefeitura", afirmou Batisti à Agência Brasil. "Vamos terminar de cumprir os mandados de busca e apreensão, recolher documentos, computadores e outros objetos presumivelmente associados à fraude, ouvir os investigados, analisar os dados obtidos com a quebra dos sigilos bancários e identificar o papel desempenhado pelos participantes do esquema para então denunciar os que estiverem envolvidos", disse Batisti. Os investigados podem responder pelos crimes de peculato, corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro, fraude à licitação e organização criminosa.
A reportagem entrou em contato com a prefeitura de São Jerônimo da Serra, mas não conseguiu conversar com nenhum de seus representantes. Responsável por investigar e combater o crime organizado, o Gaeco é formado por representantes do Ministério Público, Polícia Civil e Polícia Militar e, no Paraná, pela Secretaria de Fazenda. Vinculado diretamente ao Procurador-Geral de Justiça do Paraná, o órgão goza de autonomia institucional.
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