Garcia: sua candidatura estaria sendo incentivada por Hermas Brandão, do TC| Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo

Depois de dias de forte especulação, o deputado estadual Nelson Garcia (PSDB) confirmou ontem que disputará a presidência da Assembleia Legislativa do Paraná contra o colega tucano Valdir Rossoni. Com isso, a tranquilidade do governador Beto Richa (PSDB) dentro da Casa, que era tida como consumada para os próximos quatro anos, pode ruir antes mesmo do início da legislatura 2011-2014, a partir de 1.º de fevereiro.

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A confirmação da candidatura partiu da assessoria de imprensa do parlamentar, sem nenhuma informação adicional sobre os motivos que o levaram a se decidir pela candidatura a presidente do Legislativo estadual.

A iminência da confirmação da candidatura de Garcia começou a tomar forma ontem à tarde, por meio de uma nota oficial atribuída ao parlamentar que foi divulgada em blogs de política. No entanto, a assessoria do tucano disse desconhecer a origem do documento. E até o fechamento desta edição, embora tenha confirmado a candidatura, não havia obtido contato com Garcia para checar a veracidade da nota – ele está descansando em um sítio no município de Umuarama, Noroeste do estado. Mas os assessores do parlamentar confirmaram que ele disputará o posto de presidente do Legislativo paranaense no dia 1.° de fevereiro.

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A confirmação veio após uma semana de boatos em torno de uma suposta disposição de Garcia em enfrentar Rossoni pela presidência da Casa. O articulador da candidatura alternativa dentro da base aliada de Richa seria o presidente do Tribunal de Contas do Paraná (TC) e ex-presidente da Assembleia, Hermas Brandão, que ainda tem forte influência na Casa.

Segundo informações de bastidores, Hermas não teria concordado com a escolha de Rossoni para o posto de presidente da Assembleia. Os dois estão rompidos desde que, na eleição estadual de 2006, Rossoni conseguiu que o diretório nacional do PSDB impedisse os tucanos do estado de se coligarem com o então candidato à reeleição no governo do Paraná Roberto Requião (PMDB). Requião teria Hermas como vice.

O presidente do TC, que hoje deixa o cargo, também não teria ficado satisfeito com a nomeação do deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB), ex-líder do governo Requião na Assembleia, para a Secretaria de Estado do Trabalho. Garcia ocupou esse posto durante o governo Requião – sendo chamado de tucano do bico vermelho por estar aliado ao peemedebista.

Além disso, os parlamentares mais antigos estariam descontentes com Rossoni porque o tucano não teria se comprometido a assinar o plano de aposentadoria dos deputados, que foi aprovado na Casa no fim de 2008, mas que ainda precisa ser regulamentado pela Mesa Executiva.

Até agora, Garcia já teria conquistado o apoio de PV, PSB, PT (único partido a não aderir à chapa de Rossoni) e de parte de PSDB e PMDB, totalizando 23 dos 54 votos. O principal atrativo aos peemedebistas, que é a maior bancada da Casa, seria o oferecimento da primeira-secretaria, que na chapa de Rossoni ficou com o DEM.

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Procurado durante toda a tarde de ontem, Garcia não retornou os telefonemas da reportagem. Já Rossoni disse que conta com a maioria dos deputados. "Só falo da minha candidatura. Ela está colocada, tenho apoio suficiente para me eleger e a certeza de que farei um grande trabalho", afirmou Rossoni, que garante ter o apoio por escrito de 34 deputados.

Maioria

O racha dentro do ninho tucano pode jogar por terra a maioria folgada de Richa dentro da Casa. Até agora, integrantes da base do governo tratavam apenas o PT, que elegeu seis deputados, como um partido oficialmente de oposição. "Isso é mais especulação que está ocorrendo, em que algumas forças estranhas estão buscando essa possibilidade de divisão. Mas ela não acontece", disse ontem o futuro líder do governo Richa, deputado Ademar Traia­­no (PSDB), em entrevista à rádio Band News. "Existem algumas insatisfações, o que é normal. Mas essas arestas serão aparadas no curso do tempo."

Fontes ligadas a Richa se dizem tranquilas e garantem que a candidatura de Garcia seria apenas uma forma de pressão dos deputados em busca de cargos no governo, para distribuir entre aliados. Segundo eles, Rossoni já está eleito para a presidência da Assembleia.