Presidentes sempre custam caro aos bolsos dos contribuintes. A administração Luiz Inácio Lula da Silva não foge à regra. Com uma diferença: seus custos são crescentes. Nos últimos três anos, as despesas do gabinete da Presidência subiram de R$ 223 milhões por ano para R$ 350 milhões, de acordo com os registros do Tesouro Nacional, levantados pela organização não-governamental Contas Abertas. Os números constam da segunda reportagem da série sobre mordomias publicada pelo jornal O Globo.
A assessoria particular do presidente Lula também inchou de 68 para 149 integrantes, com salários acima de R$ 6 mil. Já a equipe de "apoio" cresceu de 28 para 49 pessoas, quase todos com raízes no movimento sindical.
As contas da Presidência agora incluem despesas com propaganda governamental e boa parte dos gastos são classificados como "secretos". Com cartão de crédito no ano passado, só a secretaria da Presidência gastou R$ 4,9 milhões, dos quais R$ 4,8 milhões são sigilosos. Neste ano os dispêndios com cartões duplicaram: R$ 64,8 milhões até outubro. As despesas do Planalto incluem até massagem para funcionários.
O Palácio da Alvorada, residência oficial projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, é um edifício de 7,3 mil metros, com seis suítes (a principal tem 120 metros), salas de cinema e música, academia de ginástica, piscina olímpica aquecida, sauna com sala para massagens e uma adega para ao menos 2 mil garrafas.
Ali, há 60 servidores - não incluída a equipe de segurança, cujo custo anual de R$ 4 milhões abrange as despesas de proteção do escritório e residência do presidente em São Paulo, além dos familiares em Florianópolis e Blumenau.
Ao mesmo tempo em que o combate às mordomias na administração direta se tornou mais fácil com o Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), a falta de transparência ainda é o principal entrave para o controle de privilégios dos dirigentes nas empresas estatais e das embaixadas e consulados brasileiros no exterior.
O Tribunal de Contas da União (TCU), por exemplo, não tem como acompanhar diariamente o desembolso das despesas das estatais federais, cujo orçamento global para 2008 é de R$ 782,3 bilhões (dos quais somente R$ 224,7 bilhões são de responsabilidade da Petrobras).Mordomias se alastram pelos três poderes
As mordomias no serviço público se alastram pelos três poderes . Uma elite de 74 mil servidores federais desfruta de auxílio-moradia de R$ 3 mil, carro de luxo, TV de LCD, celular com gasto ilimitado, apartamentos com banheira de hidromassagem e enxoval renovado a cada dois anos. Hoje, a elite do funcionalismo ganha 24,5 vezes a renda média do brasileiro e é mais bem paga que a cúpula burocrática dos Estados Unidos.
Três anos atrás, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, começou a desfilar a bordo de um Chevrolet Ômega e, desde então, o carro fabricado na Austrália virou símbolo de poder na capital da República. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), por exemplo, gastou R$ 5,4 milhões na compra de 37 deles - 33 para seus juízes e mais quatro para a diretoria. O Senado, a Câmara e alguns ministérios adotaram o estilo. Cada sedã importado custa US$ 81 mil (R$ 146 mil). O modelo só consome gasolina - e muita, à média de um litro para cada seis quilômetros.
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