Sem o terno, Aldo Rebelo tentou trabalhar ontem, mas feriado do Servidor Público tirou o sistema de computação da Câmara do ar| Foto: Beto Barata/AE

Feriado

Rebelo vai à Câmara de jeans e sandália de couro

O novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, deixou seus sisudos ternos, habitualmente cinzas, de lado e apareceu para trabalhar ontem pela manhã na Câmara Federal uniformizado de líder estudantil comunista: calça jeans, camiseta com a inscrição da União da Juventude Socialista (UJS) e uma sandália de couro. Mas seu vestuário informal não chamou a atenção de ninguém. Afinal, nem Câmara nem Senado trabalharam ontem no dia do Servidor Público.

A camiseta usada ontem por Aldo foi uma homenagem à UJS, que completou em setembro 25 anos de existência. A trajetória política do futuro ministro é ligada ao movimento estudantil. Antes de presidir a UJS, em 1984, ele foi presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), em 1980. E foi a militância estudantil que o fez sair de Alagoas, na década de 70, e transferir-se para São Paulo, onde elegeu-se vereador na capital paulista, em 1988. Dois anos depois, conquistou seu primeiro mandato como deputado federal pelo PCdoB. Hoje está em seu quinto mandato na Câmara.

O esforço de Aldo de trabalhar ontem foi, no entanto, em vão. Seus planos de tentar recolher informações sobre a estrutura do Ministério do Esporte foram por água abaixo. Como era feriado, todo o sistema de computação da Câmara ficou fora do ar – o equipamento deverá voltar a funcionar somente na segunda-feira.

Agência Estado

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Emendas parlamentares que destinam dinheiro público para as bases políticas de deputados e senadores por meio de convênios – sobretudo para a construção de quadras esportivas – são o motor do Ministério do Esporte. Recém-separada do Ministério do Turismo, a pasta foi entregue ao PCdoB em 2003 e, desde então, seus gastos ultrapassam R$ 5 bilhões.

Projeções feitas pelo Ministério do Planejamento para o ano que vem mostram que os investimentos e despesas do Esporte vão se multiplicar, na carona de eventos mundiais. Só os preparativos dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016 receberão no ano que vem R$ 835 milhões.

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O ritmo de gastos nos últimos oito anos e nove meses desenha uma curva cujo ápice coincide com a realização dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro. A explosão de gastos nos jogos aumentou as preocupações com realização da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016, eventos que dão maior visibilidade ao ministério. Em 2007, os gastos estimados em R$ 409 milhões saltaram para R$ 3,7 bilhões, em meio a denúncias de superfaturamento nas obras do Pan do Rio.

Entre 2003 e 2010, as pontas da curva de gastos, o orçamento do Ministério do Esporte cresceu 500%. Análise feita com base em dados registrados pelo Tesouro Nacional e pesquisados pela ONG Contas Abertas mostra, porém, que nenhuma ação do ministério supera os custos do programa Esporte e Lazer na Cidade, de grande apelo político no Congresso Nacional.

Destinado ao desenvolvimento e implantação de núcleos de esportes nos municípios, o Esporte e Lazer na Cidade é destino de boa parte das emendas parlamentares apresentadas no Congresso. Desde o início da gestão PCdoB, consumiu R$ 1,2 bilhão.

O valor é três vezes maior do que o destinado ao treinamento de atletas no programa Brasil no Esporte de Alto Rendimento. E 24% maior do que o custo do Rumo ao Pan.

Auditorias

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O programa Esporte e Lazer na Cidade foi alvo de auditorias da Controladoria-Geral da União (CGU), que identificaram o desvio de verbas públicas, além da falta de prestação de contas ou licitações com suspeita de favorecimento. Em São Valério da Na­­­tividade (TO), uma quadra de esportes foi construída ao final de estrada de terra e tão distante do centro que caiu em desuso. Em Santo Antonio de Palma (RS), outra quadra foi construída com dinheiro público e reservada a uma comunidade religiosa.

O orçamento de 2012 ainda ganhará o reforço de emendas no Congresso. A proposta inicial do governo partiu de R$ 1,6 bilhão de gastos. Além dos R$ 835 milhões destinados aos Jogos Olímpicos, sobretudo por meio de repasses às confederações, o projeto de lei orçamentária prevê R$ 230 milhões de gastos em ações de promoção e monitoramento da Copa do Mundo. No programa Segundo Tempo, pivô da queda de Orlando Silva, o governo prevê a aplicação de R$ 190 milhões em 2012.