Substituto de Lacerda atuou no SNI

Com mais de 20 anos de serviços na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Wilson Roberto Trezza, substituto do delegado Paulo Lacerda na direção-geral do órgão, é um dos poucos remanescentes no órgão que atuaram no Serviço Nacional de Informações (SNI), largamente utilizado na repressão política a grupos de esquerda que se opunham ao regime militar (1964-1985).

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"Tecnologia antigrampo só tem uma eficaz: não abrir a boca", disse o general Jorge Armando Félix, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência República durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas, na Câmara dos Deputados.

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O general disse que "é muito difícil ter absoluta certeza de que não estamos sendo monitorados, principalmente, pelo meio mais vulnerável que é o telefone celular".

O depoimento do general ocorreu na tarde desta terça-feira (2). Ele já estava convocado para depor na CPI, mas sua ida foi antecipada depois de denúncias de escutas clandestinas que teriam sido realizadas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) - subordinada ao GSI - e que atingiram o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.

Gilmar Mendes vai prestar depoimento na PF

O diretor da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, foi nesta terça ao gabinete de Gilmar Mendes para apresentar a ele os dois delegados - William Morad e Rômulo Barredo - que conduzirão as investigações sobre os grampos supostamente instalados de forma ilegal em telefones usados por Gilmar. Ao fim do encontro, Corrêa informou que o ministro prestará depoimento no inquérito como testemunha para apresentar sua versão dos fatos. Como o presidente da Corte tem direito a foro especial, caberá a ele próprio marcar data, horário e local para dar suas declarações.

- O ministro, como uma das pessoas que foi vítima do fato tido como ilegal, que é da interceptação do seu contato telefônico, terá que ser ouvido - declarou o diretor da PF.

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A revista "Veja" publicou no fim de semana a degravação de uma conversa entre Gilmar e o senador Demóstenes Torres, que teria sido entregue à revista por um agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A denúncia levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a afastar a cúpula da Abin na segunda-feira, entre eles o diretor-geral Paulo Lacerda . O substituto de Lacerda é o secretário de Planejamento, Orçamento e Administração, Wilson Roberto Trezza.

Lula diz que afastou cúpula para demonstrar transparência

Lula disse nesta terça que tomou a medida "para demonstrar que há transparência" na investigação sobre grampos contra autoridades dos três poderes. Em referência ao fato de a revista ter publicado a conversa gravada, Lula disse a jornalistas:

- Se algum de vocês souber, porque a fonte conversou com jornalista e não comigo, e quiser facilitar a investigação, a gente pode resolver logo o problema. Se não quiser, vamos ter que investigar.

PF oferece a Gilmar e Demóstenes possibilidade de acompanhar apuração

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O diretor da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, ofereceu a Gilmar a possibilidade de enviar alguém de sua confiança para acompanhar as apurações "para que seja uma investigação o mais transparente possível e com o maior rigor técnico". A mesma oferta havia sido feita ao senador Demóstenes Torres (DEM-GO), com quem o presidente da Corte conversava enquanto era gravado.

CNJ deve criar sistema para controlar número de grampos

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) deverá aprovar em seu plenário na próxima terça-feira uma resolução que cria um sistema para controlar o número de escutas telefônicas em curso no país. A proposta está em discussão desde junho e virou prioridade após os grampos no telefone de Gilmar Mendes, que também preside o CNJ. A resolução também deverá conter recomendações aos juízes. Uma delas é para que a escuta seja feita com equipamentos seguros e para que o teor dos diálogos seja mantido em sigilo. Outra recomendação é para que o juiz se certifique, antes de determinar a escuta, que o aparelho telefônico alvo da medida seja realmente de uso do investigado.

Alencar diz que toma cuidado ao telefone

O vice-presidente José Alencar foi na mesma linha do presidente Lula, defendendo a transparência na investigação. Perguntado se falava atualmente com tranqüilidade ao telefone, Alencar afirmou que sim, mas que às vezes lembra que pode estar grampeado.

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- Com as namoradas agora eu tenho mais cuidado, brincou o vice-presidente - que é casado há mais de 50 anos.

Segundo Alencar, atualmente nenhum brasileiro está seguro de seu sigilo telefônico ou mesmo de comunicações pela internet.