São Paulo (Folhapress) O ex-chefe de gabinete João Cláudio Genu confirmou ontem, em depoimento à Polícia Federal, que retirava dinheiro do Banco Rural a pedido líder do PP na Câmara, José Janene (PR).
Segundo a procuradora Raquel Branquinho, que acompanhou parte do depoimento, Genu afirmou que a diretora financeira da SMP&B, uma das empresas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, realizava os saques na agência do banco do Brasília Shopping e depois entregava ao ex-chefe de gabinete.
Genu não deu detalhes sobre as quantias retiradas, mas afirmou que era orientado a sempre levar o dinheiro para a sede do PP em Brasília. À PF, Genu mencionou outros dois deputados da sigla: Pedro Corrêa (PE) e Pedro Henry (MT). Na quinta-feira, a CPI dos Correios encontrou indícios de que a maior parte do dinheiro sacado por Simone no Rural era para deputados e seus assessores.
As cópias de faxes e de e-mails encontrados no material remetido na terça-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à CPI contêm anotações manuscritas nos processos referentes aos R$ 5,595 milhões retirados em dinheiro por Simone nos anos de 2003 e 2004 da conta da SPM&B Comunicação no Banco Rural.
Esses faxes e e-mails eram enviados de Belo Horizonte para Brasília. Eram alertas para que a agência do Banco Rural na capital federal se preparasse para os saques de quantias altas em dinheiro, reservando o numerário. No verso de quatro desses faxes, há anotações escritas a mão mencionando Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL.
O ex-tesoureiro do Banco José Francisco de Almeida Rego havia revelado em depoimento à PF que Simone deixava na agência uma lista de pessoas que poderiam retirar o dinheiro.
Até o momento, a CPI havia apurado saques num total de R$ 1,65 milhão por Lamas da conta da SMP&B no Banco Rural de Brasília. A serem confirmados os repasses realizados a ele por Simone, a quantia subiria para R$ 2,3 milhões considerando-se que o dinheiro retirado pela pessoa identificada como "irmão de Jacinto Lamas" tenha sido repassado para o então tesoureiro do PL.
A segunda pessoa que a CPI acredita ter identificado é "João Cláudio". Seria João Cláudio Carvalho Genu, ex-chefe de gabinete de Janene (PP-PR). Janene é líder do partido na Câmara.
Até agora, havia registros confirmados de R$ 850 mil em saques realizados por Genu. Os novos dados, se confirmados, farão o valor saltar para R$ 1,25 milhão.
Outro lado
Citado por Genu, o deputado Pedro Henry (PP-MT) negou que tenha qualquer envolvimento nas supostas irregularidades: "Eu nunca determinei nada ao Genu porque eu não sabia da existência desse esquema. Ele (Genu) não recebia ordem minha. Ele não é meu assessor".
Já José Janene disse que não iria comentar o depoimento até conhecer seu teor. "Não tenho absolutamente nada a dizer. Não tenho conhecimento do teor do depoimento dele e não vou me manifestar em cima de vazamentos", afirmou.
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