Em depoimento na Polícia Federal na segunda-feira, a diretora financeira da SMP&B Propaganda, Simone Vasconcelos, contou que tinha "verdadeiro pavor" de sair do Banco Rural com grandes quantias em dinheiro e, por isso, teria solicitado certa vez um carro-forte para transportar R$ 650 mil até o prédio da Confederação Nacional do Comércio (CNC), onde funcionava a filial da SMP&B em Brasília. No hall do prédio mesmo, parte desses recursos teria sido entregue a José Luiz Alves, ex-assessor do Ministério dos Transportes ligado ao PL, e a Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL.

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Ela confirmou ainda ter entregue pessoalmente dinheiro para Jair dos Santos e o ex-presidente da Eletronorte Emerson Palmieri, ambos ligados ao PTB; Pedro Fonseca, ligado ao PT nacional; João Carlos de Carvalho Genu, assessor do líder do PP, José Janene (PR); e Roberto Costa Pinho, ex-assessor do Ministério da Cultura.

A gerente administrativa revelou ainda a conexão do publicitário Duda Mendonça com o esquema de saques montado por Marcos Valério. De acordo com Simone, seguindo orientação de Zilmar Fernandes da Silveira, sócia de Duda, a SMP&B autorizava o policial civil David Rodrigues Alves a sacar recursos no Banco Rural em seu lugar. Duda Mendonça teria sido beneficiado com mais de R$ 15 milhões.

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Em seu depoimento à PF, Simone disse que nunca entregou diretamente nenhuma quantia ao ex-deputado Valdemar Costa Neto; ao ex-presidente do PTB José Carlos Martinez; ao líder do PP, deputado José Janene (PR); ao ex-líder do PMDB deputado José Borba (PR); ao deputado Bispo Rodrigues (PL-RJ); e mesmo ao advogado Aristides Junqueira. Simone lembrou, contudo, que Borba teria sido autorizado a sacar dinheiro no Banco Rural, mas como se recusou a assinar um comprovante de recebimento, ela foi obrigada a ir pessoalmente à agência bancária para assinar o referido documento e permitir o repasse ao deputado peemedebista.

Entre os demais beneficiários que Simone disse não se lembrar da fisionomia estão: Antônio Lamas, ligado ao PL; Alexandre Chaves do PTB; Raimundo Ferreira da Silva Júnior e Vilmar Lacerda, ambos do PT do Distrito Federal; a dois prováveis assessores de José Borba e Bispo Rodrigues; Sinval Monteiro Melo; e Josias Gomes.

Garantiu que não conhecia, nem nunca ouviu dizer nada a respeito de Roberto Marques, que seria assessor do ex-ministro José Dirceu e teria sido autorizado a receber a quantia de R$ 50 mil referente ao cheque número 414270 da empresa SMP&B. Também não soube dizer quem teria determinado Geiza Dias, gerente financeira da empresa, a encaminhar um fax ao Banco Rural autorizando o pagamento do referido cheque a Marques e depois a Luiz Mazano.

Pelo menos três vezes, Simone admitiu ter entregue o dinheiro sacado diretamente ao empresário Marcos Valério, que a aguardava no hall de entrada do Hotel Blue Tree. Mas negou que tenha participado da distribuição de dinheiro em qualquer hotel, rebatendo o depoimento da ex-secretária de Valério Fernanda Karina Somaggio.

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