Brasília (AE/AG/Folhapress) A gerente administrativa da agência de publicidade SMP&B, Simone Vasconcelos, revelou ontem, em depoimento à Polícia Federal em Brasília, uma lista com 31 nomes de pessoas a quem ela entregou cerca de R$ 7 milhões que sacou em espécie no Banco Rural da capital. Segundo a ex-secretária do empresário, a ex-secretária da agência Fernanda Karina Somaggio era quem distribuía o dinheiro a deputados da base aliada do governo na capital federal.
Em um dos repasses, Simone teria entregue um pacote com dinheiro no hotel Gran Bittar ao assessor parlamentar do PP, João Cláudio Genu, que confessou na PF ter feito o serviço a pedido dos deputados José Janene (PP-PR), Pedro Corrêa (PP-PE) e Pedro Henry (PP-MT). Em depoimento à PF, a ex-secretária de Valério Fernanda Karina Somaggio também contou que Simone se queixava de ficar trancada no quarto do hotel contando dinheiro e recebendo homens a quem os recursos eram entregues.
De acordo com o que Simone disse aos investigadores, a origem do dinheiro, repassado a terceiras pessoas ligadas ao PT ou mediante indicação do partido, eram empréstimos tomados pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como o principal operador do mensalão. A versão de Simone coincide com a tese que Marcos Valério apresentou em depoimento ao procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, que conduz investigação para apurar o pagamento de mesada a parlamentares em troca de apoio ao governo.
"Em linhas gerais, ela corroborou a tese de Marcos Valério. Não afirmou (como mensalão). Seriam empréstimos partido a partido, via banco Rural, em que eles entregavam (o dinheiro) para o PT e para quem o PT indicava", declarou a procuradora Raquel Branquinho, do Ministério Público Federal em Brasília, que acompanhou parte do depoimento.
Segundo Raquel, Simone não esclareceu na totalidade os beneficiários do dinheiro sacado das contas de empresas de Marcos Valério. "Ela assume parcela dessa operacionalização (de pagamentos). Outra parte era feita pelos próprios diretores (das companhias)", disse Raquel, que acompanha a investigação do mensalão.
Ainda conforme a procuradora, Simone não confirmou a referência a uma pessoa chamada Roberto Marques, indicado como um dos sacadores, que corresponderia a um assessor e amigo do ex-ministro José Dirceu. No último fim de semana, por intermédio da assessoria de Valério, Simone confirmou ter autorizado Roberto Marques a sacar R$ 50 mil da conta da SMP&B.
Conforme os registros do Banco Rural, Roberto Marques seria o destinatário de um saque de R$ 50 mil. No entanto, o dinheiro foi retirado de uma agência do Rural em São Paulo por Luiz Masano, funcionário da corretora Bonus-Bonval, que teve entre os seus estagiários Michele Janene, filha do deputado José Janene (PR), líder do PP na Câmara.
Omissão
O Banco Rural está retendo informações de pelo menos 41 saques em dinheiro das contas de Marcos Valério, num total de R$ 7,2 milhões, que podem esconder contribuições para políticos e assessores partidários ainda não identificados. Esse valor corresponde às retiradas diárias de dinheiro que constam nos relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), mas não aparecem nos documentados entregues pelo banco mineiro à CPI dos Correios.
No total, os dados reunidos pela comissão permitem identificar 220 retiradas em dinheiro entre março de 2003 e maio de 2005 uma média de um saque a cada três dias. Isso totaliza R$ 35,9 milhões sacados na boca do caixa das contas da SMP&B e da DNA por meio de cheques emitidos em nome das próprias empresas, mas endossados para terceiros.
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