Memória
Programas e polêmicas que marcaram a gestão de Beto Richa no governo do estado:
Paraná Competitivo
O Paraná voltou a atrair grandes empresas. A CVR se instalou em Adrianópolis, a Ambev montou uma nova unidade em Ponta Grossa, a Volkswagen ampliou sua produção e a Audi voltou para São José dos Pinhais. Segundo o governo, em três anos, o Paraná superou a marca de R$ 26 bilhões em novos investimentos e em expansão de unidades existentes, com potencial para criação de mais de 150 mil empregos diretos e indiretos por todo o estado. Para efeito de comparação, nos oito anos de 2003 e 2010 o Paraná contabilizou R$ 16,2 bilhões em investimentos da iniciativa privada.
Segurança
O Paraná atingiu a taxa de homicídios dolosos (com intenção de matar) mais baixa desde 2007, quando as estatísticas de criminalidade começaram a ser divulgadas. Em 2013 (dados até setembro), o estado registra 21 assassinatos a cada 100 mil habitantes. Em 2010 o Paraná chegou a ter 42 assassinatos por 100 mil habitantes. O governo atribui o índice ao investimento no setor, com contratação de policiais, investimento em inteligência e instalação das Unidades Paraná Seguro (UPS).
Caixa do estado
Os problemas de caixa do governo do estado, presentes desde o início do mandato do governador, se agravaram em 2013. No primeiro quadrimestre de 2013, o Paraná comprometeu 47,7% de sua receita líquida com pagamento de pessoal. Quando um estado atinge 49%, fica impossibilitado de receber transferências voluntárias da União e contratar empréstimos. No segundo semestre, a situação levou a secretária da Fazenda, Jozélia Nogueira, a determinar um pente-fino nas contas do Executivo, suspendendo o pagamento para fornecedores. Ao longo do ano, o governo tentou manobrar para receber recursos. O Executivo ainda tenta com o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ), por exemplo, ter acesso aos depósitos judicias não-tributários.
Ezequias
Réu do caso da sogra fantasma, Ezequias Moreira foi nomeado para o Conselho de Administração da Sanepar. Ele ocupava a diretoria de Relações com Investidores da empresa até junho deste ano, quando saiu para assumir a secretaria especial do Cerimonial e de Relações Internacionais do governo do estado.
Em 2007, o MP recebeu a denúncia de que a sogra de Ezequias recebeu salários da Assembleia por 11 anos sem trabalhar. Ezequias foi chefe de gabinete de Beto Richa (PSDB) quando ele era deputado estadual. O atual secretário admitiu a irregularidade e devolveu, em 2008, R$ 539,4 mil aos cofres públicos espontaneamente. Ele ainda responde a uma ação criminal por peculato.
4,7% é a previsão de crescimento do PIB paranaense em 2013, o que significa o dobro da expectativa de crescimento nacional, estimado em 2,3%.
Cinco dos oito primeiros quadrimestres do governo Richa viram o estado com o limite de gastos com o funcionalismo estourado.
"Os três ministros não trouxeram benefício algum para o Paraná"
Clique e confira na íntegra a entrevista com o governador do Paraná, Beto Richa
Há duas possibilidades para se analisar a gestão do governador Beto Richa (PSDB) em três anos de governo. Na primeira, é preciso observar os números da economia paranaense em 2013. Os dados revelam um dinamismo acima da média nacional.
INFOGRÁFICO: Governador Beto Richa recupera popularidade
O Produto Interno Bruto (PIB) estadual vai crescer entre 4,7% e 4,9% neste ano, enquanto o PIB brasileiro crescerá praticamente metade disso, 2,3%. O crescimento do emprego formal no estado foi de 5,1% até novembro, ante 3,9% em todo o Brasil. O estado foi o terceiro a gerar mais vagas de trabalho no país, atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais. A produção industrial paranaense também supera, de longe, a média nacional no acumulado até outubro. Crescimento de 5% pra o Paraná e 1,6% no país.
Mas a matemática é outra quando se olha o caixa do estado. O governo estourou o limite de gastos com funcionalismo em cinco dos oito quadrimestres da gestão Richa. No final de 2013, fornecedores sem pagamento deixaram de atender o Executivo. Telefones chegaram a ser cortados e viaturas sem gasolina deixaram de circular.
Os números, portanto, permitem que sejam feitas duas retrospectivas para o governador Beto Richa, a depender do ponto de vista. Uma delas mostra o gestor dinâmico, eficiente e parceiro da iniciativa privada. Outra, o governante perdulário e despreocupado com as contas públicas.
Dois extremos
Na prática, o governo Beto Richa oscilou entre os dois extremos. Na gestão de Richa, o ambiente para o setor produtivo melhorou. Desafios logísticos têm sido superados, o Porto de Paranaguá tornou-se mais profissional e há incentivos tributários e burocráticos, das micro às grandes empresas. Por outro lado, o governo não conseguiu controlar de maneira efetiva suas próprias contas. A constatação é da própria secretária da Fazenda do estado, Jozélia Nogueira, que, ao assumir o cargo, em outubro, disse ter "tomado um susto" com a situação fiscal do estado.
Richa culpa a diminuição de repasses federais ao Paraná e a não liberação de empréstimos e financiamentos pelas contas no vermelho (veja entrevista na página 14). Segundo ele, o estado não podia parar, mesmo com a diminuição da verba oriunda da União.
O descompasso entre o que o Paraná produz e o que recebe da União é histórico e conjuntural e a própria diminuição dos repasses para o estado já foi objeto de matéria da Gazeta do Povo. O espanto de Jozélia, no entanto, mostra que o governo demorou para arrumar a casa, deixando a situação beirar o insustentável.
O fim da novela dos empréstimos e a chegada dos recursos para o caixa do governo estadual no começo do próximo ano deve trazer o alívio esperado por Richa. E será decisivo para definir em qual dos extremos o governador vai encerrar seu mandato.
Governador tem 71% de aprovação, mostra pesquisa
Com três anos à frente do governo do estado, o governador Beto Richa (PSDB) é aprovado por 71% dos paranaenses, segundo levantamento realizado pela Paraná Pesquisas, em parceria com a Gazeta do Povo.
Richa recuperou-se da queda sofrida em agosto, quando sua popularidade chegou a 64%, índice mais baixo desde o início do seu governo, em janeiro de 2011. À época, vários governadores e a própria presidente Dilma Rousseff perderam aprovação, como reflexo das manifestações de junho.
A avaliação de Richa cai conforme sobe o nível escolar dos eleitores. Entre os paranaenses com ensino fundamental, a aprovação é de 77%. Entre os eleitores que têm ensino superior, Richa é aprovado por 58%.
Para o cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ricardo Costa de Oliveira, os bons números da economia paranaense explicam a aprovação de Richa. "A aprovação dos governadores segue a lógica do governo federal. A economia do Paraná tem tido bons resultados e isso deixa outras questões em segundo plano", afirma.
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