Ex-chefe de gabinete do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho disse à Justiça Federal que o lobista Mauro Marcondes pediu que ele “advogasse” junto ao governo em favor da prorrogação de uma medida provisória que concedia benefícios fiscais à indústria automotiva.
De acordo com Carvalho, a solicitação ocorreu durante a gestão Dilma Rousseff, quando ele comandava a Secretaria-Geral da Presidência, cargo com status de ministro.
“O argumento dele era que as empresas [beneficiadas pelo incentivo fiscal] ameaçavam sair das regiões [em que estavam]. Eu disse a ele que isso não era meu papel, mas da Fazenda”, afirmou Carvalho, explicando que não atendeu ao pleito do lobista.
“Disse que eu tinha outra função no governo e que não iria poder ajudá-lo. Foi isso”, acrescentou, ao falar com a imprensa, após prestar seu depoimento na ação penal originária da Operação Zelotes.
O ex-chefe de gabinete de Lula confirmou ainda que Mauro Marcondes foi recebido pelo menos três vezes no Palácio do Planalto.
De acordo com ele, porém, as pautas diziam respeito a assuntos institucionais e ocorriam no seu próprio gabinete ou no da Presidência da República, na presença de Lula, o que teria acontecido apenas uma vez, conforme se recordava.
Inquérito apura documentos sobre compra de caças e suposto lobby de Lula
Leia a matéria completaCarvalho falou que não tem qualquer vínculo de amizade com Marcondes e que jamais ouviu um qualquer proposta escusa vinda do lobista.
“Nunca recebi fora da minha sala, ele nunca foi na minha casa, [não havia] nenhuma relação pessoal”, resumiu o ex-ministro.
Carvalhou relatou que, numa das ocasiões, Marcondes o entregou uma carta com pleitos do setor automotivo. Segundo ele, o documento fora enviado por uma empresa europeia, que ele não se recorda o nome, por intermédio do lobista.
Em seu depoimento, o ex-chefe de gabinete de Lula sustentou que Marcondes era recebido por ser representante da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
Ele negou ter tido conhecimento de qualquer ilegalidade envolvendo supostas compras de medidas provisórias (MPs), um dos principais alvos da Operação Zelotes.Afirmou que Lula tinha prazer de se reunir com comandantes de grandes empresas, sobretudo as que mantinham investimentos no Brasil.
O ex-ministro frisou ser natural, num ambiente democrático, que o alto escalão do governo dialogue diretamente com empresários e outros setores da sociedade.
Argumentou que a concessão de benefícios fiscais às montadoras, garantidos pela aprovação das referidas MPs, foram fundamentais para o desenvolvimento econômico de estados das regiões Nordeste e Centro-Oeste, principalmente Pernambuco e Bahia.
Presente
Gilberto Carvalho, como já havia contado em seu depoimento à Polícia Federal, disse à Justiça que recebeu apenas um presente de Mauro Marcondes.
“Quando adotei duas crianças, ele mandou presentinho: duas bonecas para as minhas meninas”, lembrou Carvalho.
Os brinquedos foram enviados, segundo o ex-ministro, após a imprensa noticiar que Carvalho havia adotado as crianças.
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