O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, defendeu uma solução política para o Senado e disse que a Casa vive uma "crise sequencial", se assemelhando à Bolívia, onde "os presidentes não terminam o mandato". O ministro não quis opinar quando perguntado se o afastamento do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), resolveria a crise. "Faço toda a torcida para que se encontre uma solução política para isso. Não é razoável que uma casa tão importante quanto o Senado fique paralisada por conta de uma profunda e grave crise política.
Mendes disse que "talvez a gente encontre meios e modos de tratar institucionalmente isto (a crise). Que não mais se repita porque na verdade nós estamos vivendo uma crise sequencial. Já há algum tempo o Senado não encontra meios e modos de um funcionamento regular. Praticamente, o Senado hoje está parecendo a Bolívia. Os presidentes não terminam o mandato ou ficam ameaçados de perdê-lo"
O presidente do STF evitou se posicionar sobre decisão judicial que proibiu o Estado de noticiar reportagens sobre a investigação da Polícia Federal (PF) contra o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Casa. Ele disse que não iria emitir juízo sobre a decisão do desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF), que concedeu liminar impedindo o jornal de publicar conversas telefônicas gravadas pela PF, com autorização judicial, no âmbito da Operação Faktor, originalmente denominada Boi Barrica.
"Nós não devemos ficar exasperados apenas porque houve uma decisão judicial", afirmou. "Certamente haverá recurso, o tribunal vai se pronunciar e depois também poderá haver recurso para os tribunais superiores. É assim que a democracia anda, é assim que funciona o Estado de Direito.
Vazamentos
Mendes, no entanto, aproveitou para mais uma vez criticar vazamentos de investigações, que atribui à PF. "Tenho criticado e vou continuar criticando, reputo abuso de autoridade, fato grave, vazamentos parciais, manipulação de vazamentos, tudo isso é lamentável. Isso foi, inclusive, uma política institucional. Até pouco tempo a Polícia Federal tinha um departamento de vazamentos de informação. Na gestão Paulo Lacerda havia um propósito de vazar, às vezes até para achincalhar, para denegrir a imagem das pessoas.