Beto diz que foi impedido de se defender de ataques
O governador Beto Richa (PSDB) reclamou ontem, durante entrevista no Show Rural Coopavel, em Cascavel, da mudança feita na ordem dos discursos durante a entrega de casas em Umuarama, no fim de semana. A cerimônia foi encerrada por Gleisi Hoffmann, pré-candidata ao governo do Paraná pelo PT, que criticou duramente o tucano. Richa seria o último a discursar, mas o cerimonial, organizado pela Caixa Econômica Federal, foi alterado.
"Ela falou por último. Não tive condições de responder às críticas pesadas, extremamente agressivas, ela mudou até o tom do rosto dizendo que faltavam projetos", afirmou Richa. Na oportunidade, a petista criticou o preço da proposta de pedágio na PR-323, entre Maringá e Iporã. Na sequência, assessores de Richa pediram direito de resposta na cerimônia, mas não tiveram sucesso. Gleisi disse ainda que o Paraná não obteve empréstimos por não estar "enquadrado na Lei de Responsabilidade Fiscal".
No fim da tarde, em evento no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR), em Curitiba, Richa voltou a falar sobre o assunto. "Confesso que fiquei surpreso. Foi desnecessário. Não sei se é algum desespero ou algo parecido. Quando não se tem argumentos consistentes, se eleva o tom", disse. "Foi uma coisa, inclusive, armada. Todos sabem que no protocolo do cerimonial o governador sempre fala por último. Foi visível a improvisação do mestre de cerimônias. Ela falou por ultimo e não tive condições de rebater as críticas infundadas."
Luiz Carlos da Cruz, correspondente, e Diego Ribeiro
Dívida
O governo do Paraná havia prometido divulgar ontem o valor de sua dívida com fornecedores, bem como um cronograma de pagamento, mas nenhuma informação foi divulgada. Segundo informações prévias, o Executivo deve cerca de R$ 1,1 bilhão. A assessoria do governo informou que aguarda um posicionamento dos técnicos da Secretaria da Fazenda.
Gleisi Hoffmann despediu-se ontem do cargo mais alto já ocupado por um paranaense no cenário político nacional. Após dois anos e oito meses na coordenação do governo Dilma Rousseff, como ministra da Casa Civil, a petista retorna hoje ao Senado e entra de vez na pré-campanha para governadora do Paraná. A saída dela faz parte da primeira leva da reforma ministerial provocada pelas eleições de outubro.
Embora a oficialização das candidaturas só ocorra após as convenções de junho, Dilma foi clara ao falar sobre a motivação das mudanças. "Alguns de nossos ministros decidiram buscar nas urnas a oportunidade de cumprir novas tarefas executivas. É o que farão os meus amigos Gleisi Hoffmann e Alexandre Padilha, aos quais desejo muito sucesso nessa caminhada", disse a presidente.
Ministro da Saúde desde janeiro de 2011, Padilha foi substituído pelo secretário municipal da Saúde de São Bernardo do Campo (SP), Arthur Chioro. Padilha será o candidato petista nas eleições estaduais de São Paulo. Já Aloísio Mercadante deixou a Educação para assumir o lugar de Gleisi no lugar dele entrou o ex-secretário-executivo da pasta Henrique Paim.
Na Secretaria de Comunicação Social da Presidência, saiu Helena Chagas e entrou Thomas Traumann, que era porta-voz de Dilma. Nascido em Rolândia e formado em Jornalismo pela UFPR, Traumann é o 24.º paranaense a ocupar um cargo de ministro.
Trajetória
Desde o imperador Dom Pedro II, no entanto, ninguém do estado esteve tão próximo ao núcleo do poder central quanto Gleisi. A partir dos anos 1990, a Casa Civil ganhou força e passou a exercer a gerência dos principais programas federais. Por orientação de Dilma, que ocupou o mesmo ministério no governo Lula, Gleisi teve uma atuação política discreta, com foco na gestão interna.
A paranaense entrou e saiu da cerimônia de ontem sem dar entrevistas. Sentada ao lado de Padilha e do vice-presidente Michel Temer, chorou ao ouvir o depoimento da presidente sobre seu trabalho no governo. "Agradeço a ministra Gleisi pela excelente condução da chefia da Casa Civil, destacando a sua coordenação nos programas mais importantes do governo, fazendo isso com uma dedicação extraordinária", disse.
Marido da agora senadora e ministro das Comunicações, Paulo Bernardo afirmou que Gleisi precisou "domar um leão por dia" no ministério. De acordo com o ministro, a partir de agora ela vai ter mais liberdade para se dedicar à campanha. "Como senadora, a situação é bem diferente, o debate é outro. Acho que muito em breve vai ter gente lá no Paraná com saudades do tempo em que ela estava na Casa Civil."
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