Golpe para escravizar deficientes auditivos vem sendo aplicado há 15 anos

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Deficientes auditivos de todo o Brasil têm sido enganados por um homem que promete emprego. Uma das vítimas está desaparecida. O golpe, segundo a polícia, vem sendo aplicado há cerca de 15 anos.

Marcos Santana responde a dez processos na Justiça, e chegou a ser condenado. Ele cumpriu pena em São Paulo por estelionato.

O subsecretário de segurança do Rio Grande do Norte diz que Marcos age em vários estados do país levando surdos de uma região para outra.

- Ele chega nas capitais e procura manter contato com os surdos-mudos e, oferecendo diversas vantagens, leva as vítimas que ficam trabalhando pra ele - disse Maurílio Pinto de Medeiros, subsecretário de Segurança do Rio Grande do Norte.

Eleusa saiu de casa no dia seis de março. Deixou os dois filhos com a mãe e partiu atrás de uma promessa de emprego onde iria ganhar R$500. A proposta foi feita pelo paulista Marcos Santana Campos, que também tem deficiência auditiva. A mãe de Eleusa estranhou a história.

- Desconfiei, né?! Quando ela chegou disse que tava indo trabalhar, que ia ganhar muito dinheiro e que eu não podia saber onde era que ela estava trabalhando -contou a mãe de Eleusa, a doméstica Liduína da Silva, que recebeu há um mês a última notícia da filha: um telefonema de São Paulo.

Uma mulher, que tem medo de ser identificada, passou quatro dias à procura do filho até conseguir levá-lo de volta pra casa. O rapaz também recebeu de Marcos a oferta de emprego numa fábrica de confecções, em Natal. Uma farsa. Na rua, na zona tal da cidade, só há residências.

- Quando chegou lá, ele mandou que meu filho fosse pra rua vender souvenir, escapulário, santo. Segundo meu filho eles, quando chegavam, eles recebiam uma marmita e dormiam lá mesmo na casa. Tinha pessoas de Recife, de Salvador, de todo o Brasil tinha surdos e daqui de Natal também - falou ela.

Os relatos de outras vítimas do golpista só aumentam a angústia de Liduína.

- Quando chega à noite a gente vai se deitar e fica pensando onde será que ela está, onde será que está dormindo, será que está dormindo na rua. A gente pensa tudo - diz Liduína.