Um dos pilares da democracia é o princípio de que, após as eleições, os derrotados devem reconhecer a legitimidade dos vencedores e os eleitos têm de governar para todos, deixando de lado as diferenças político-partidárias. No Paraná, a oposição tem respeitado sua obrigação nesse pacto democrático. Não há questionamentos quanto à legitimidade do governo Requião. Porém, oito meses após o fim das eleições de 2006, o governador parece ter se esquecido de cumprir sua parte ao dar fortes demonstrações de que pôs em curso uma discriminação administrativa contra quem apoiou a candidatura de seu adversário, Osmar Dias. Ao menos é isso que indicam os embaraços burocráticos criados na liberação de verbas estaduais para prefeituras de municípios como Curitiba, Paranaguá, Foz do Iguaçu e Paranavaí.

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O governo tem se esmerado em apresentar razões jurídicas e técnicas para explicar o bloqueio do dinheiro para as prefeituras. Mas não demonstra vontade política de resolver os supostos problemas burocráticos impeditivos dos repasses. Vontade política, aliás, que paradoxalmente pede que a União tenha para acabar com a multa mensal de R$ 5 milhões aplicada ao Paraná pela Secretaria do Tesouro Nacional. E, enquanto a contradição grassa no Palácio Iguaçu, esquece-se de que o dinheiro, em última análise, não é para o prefeito, mas para melhorar a vida dos paranaenses que moram nessas cidades. Essa é a questão-chave. Senhor governador, a hora do embate político já passou. É hora de começar a governar. Para todos os paranaenses. Isso é democracia.

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