O governador Roberto Requião determinou o cancelamento da licitação sob suspeita da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec). O anúncio ocorreu ontem, na reunião semanal com os secretários de estado. A concorrência número 05/2004 tem 16 lotes, com obras do Programa de Integração de Transporte (PIT) na região metropolitana de Curitiba. Dois deles já foram iniciados. Segundo investigações policiais, a licitação teria sido manipulada e o projeto inicial maquiado para que o seu preço total fosse majorado em 25% – cerca de R$ 14 milhões.

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Conforme o governador Requião, o povo do Paraná não aceita manipulação de concorrências. "Não vou assumir passivamente organizações criadas para fraudar obras públicas", disse. Com isso, o procurador-geral do estado, Sérgio Botto de Lacerda, começou a avaliar a possibilidade de cancelar a licitação.

A medida foi tomada um dia depois do Ministério Público denunciar 29 pessoas no caso Comec. Seis estão foragidas há seis dias, com prisões preventivas decretadas. Entre elas está o presidente da Apeop (Associação Paranaense dos Empresários de Obras Públicas), Emerson Gava, o vice-presidente, Fernando Afonso Gaisller Moreira e o diretor-técnico da Comec Lucas Bach Adada. Eles são acusados de manipular e fraudar licitações públicas e formação de quadrilha. O juiz da 10.ª Vara Criminal de Curitiba, Dartagnan Serpa Sá, ainda não decidiu se vai ou não processar os suspeitos.

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Todos os contratos dos 16 lotes da licitação da Comec já foram assinados, com a chancela do governador Roberto Requião, mas apenas duas ordens de serviço foram assinadas. São a duplicação da Estrada da Ribeira, trecho entre o Trevo da Penha (Curitiba) e o Alto Maracanã (Colombo), e a construção de uma trincheira na BR-116, acesso entre o Jardim Paulista (Campina Grande do Sul) e o Jardim Menino Deus (Quatro Barras). Essas obras foram iniciadas no começo deste mês. Segundo o chefe da gabinete da Secretaria Especial de Assuntos Metropolitanos, Massilon Astarita, o cancelamento da concorrência vai parar no mínimo 90 dias todos os projetos. O prazo vale também para os outros 14 lotes.

A obra custaria cerca de R$ 7,7 milhões no edital 02/2004, que segundo as investigações teria sido frustrado por empreiteiros. Na licitação que o governo pode cancelar, o projeto deu lugar a novas obras em outros municípios, como Almirante Tamandaré, Campina Grande do Sul, Curitiba, Pinhais e Quatro Barras.

Defesa

A Cesbe S/A Engenharia e Empreendimento, que ganhou o lote para duplicar a Estrada da Ribeira, vai aguardar o governo tomar a decisão administrativa para decidir se entra ou não na Justiça contra o cancelamento.

Já a Delta Construção S/A, que levou a obra da Trincheira do Atuba, na BR-116, considera que apenas a denúncia feita pelo Ministério Público não seria suficiente para cancelar a concorrência. Segundo o jurista René Dotti, a denúncia foi muito rápida, assim como a investigação policial. Por isso, Dotti disse que vai impetrar habeas-corpus para tentar trancar o processo. Os responsáveis pelas empresas que ganharam os outros 14 lotes da concorrência não foram localizados pela reportagem para falar sobre o assunto.

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