Candidatos detidos eram aliados de Lula e Dilma
O governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), tentava vincular sua imagem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Quatro dias antes de ser preso, Paulo Dias obteve na Justiça Eleitoral o direito de veicular imagens com os dois, já que seu companheiro de chapa, Waldez Góes, é do PDT, que integra a coligação de Dilma.
Presidente do TJ assume governo
O presidente do Tribunal do Justiça do Amapá, desembargador Dôglas Evangelista Ramos, 67, assumiu ontem o governo do estado após a prisão do atual governador. Na manhã de ontem, o governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), foi preso na operação Mãos Limpas, realizada pela Polícia Federal, que cumpriu 18 mandados de prisão por suspeita de desvios de repasses da União. Entre os suspeitos presos estão empresários, políticos e servidores do governo estadual.
Brasília - O governador do Amapá e candidato à reeleição, Pedro Paulo Dias (PP), e o presidente do Tribunal de Contas do estado (TC), Júlio Miranda, foram presos ontem durante a Operação Mãos Limpas, da Polícia Federal. Eles são suspeitos de desviar recursos públicos do estado e da União. Paulo Dias e Júlio Miranda vão ficar presos na sede da Polícia Federal em Brasília, no mesmo local onde o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (sem partido) ficou preso no início do ano. As investigações iniciaram-se em agosto de 2009. Inicialmente, estima-se que o esquema desviou recursos cerca de R$ 300 milhões.
Além do governador do Amapá e do presidente do TC, outras 16 pessoas são acusadas de envolvimento no esquema de desvio de verbas públicas e também foram presas ontem. Entre os presos, está o ex-governador do estado Waldez Góes (PDT), candidato ao Senado. Góes e os outros 16 presos vão ser conduzidos ao presídio de Brasília, na Papuda. Os presos irão a Brasília por se tratar de um inquérito judicial, presidido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O relator do inquérito é o ministro João Otávio de Noronha, que decretou sigilo das investigações.
Os envolvidos estão sendo investigados pelas práticas de crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, advocacia administrativa, ocultação de bens e valores, lavagem de dinheiro, fraude em licitações, tráfico de influência e formação de quadrilha. Segundo a PF, a organização criminosa é composta por servidores públicos, agentes políticos e empresários.
Durante a operação também foram apreendidos R$ 1 milhão em dinheiro, cinco carros de luxo uma Ferrari, uma Maserati, duas Mercedes e um Mini Cooper e duas armas de fogo. Os bens estavam em posse das pessoas envolvida no esquema. A operação Mãos Limpas cumpriu ontem 18 mandados de prisão temporária, 87 mandados de condução coercitiva e 94 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo STJ. Além do Amapá, os mandados foram cumpridos no Pará, Paraíba e São Paulo. Participaram da ação 60 servidores da Receita Federal e 30 da Controladoria-Geral da União (CGU).
"Chama a atenção a amplitude do esquema de corrupção, envolvendo dois poderes e duas esferas de governo. Os indícios de operação de uma organização criminosa não sugerem algo corriqueiro, nos lembra o caso recente do governo do Distrito Federal", avaliou o ministro Jorge Hage, da CGU, numa referência ao escândalo que derrubou o governador José Roberto Arruda.
Até aqui, a CGU já identificou vários mecanismos de desvio de dinheiro público na operação. "Havia de tudo, fraudes diversas, de direcionamento de licitações a comprovação de despesas mediante notas frias", disse o ministro.
Nota da CGU citou cinco tipos de irregularidades: direcionamento de licitações para favorecer empresas na aquisições de veículos e equipamentos a preços superiores aos valores de mercado, superfaturamento em obras e serviços de reformas em delegacias de polícia e do 2º Batalhão de Polícia Militar, inclusão de itens indevidos no cálculo de custo de contratos de obras, uso de dinheiro de convênios para outros fins e fraudes na escolha de empresas para serviços de vigilância e limpeza. O potencial de desvio de dinheiro público é maior na área de educação, que recebeu o maior volume de dinheiro da União.
Esquema
As apurações, de acordo com a PF, revelaram indícios de um esquema de desvio de recursos da União que eram repassados à Secretaria de Educação do Amapá, provenientes do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef).
Durante as investigações, foi constatado que a maioria dos contratos administrativos firmados pela Secretaria de Educação não respeitavam as formalidades legais e beneficiavam empresas previamente selecionadas. Apenas uma empresa de segurança e vigilância privada manteve contrato emergencial por três anos com a Secretaria de Educação, com fatura mensal superior a R$ 2,5 milhões, e com evidências de que parte do valor retornava, sob forma de propina, aos envolvidos.
As investigações também mostraram que o mesmo esquema era aplicado em outros órgãos públicos. Segundo a PF, foram identificados desvios de recursos no Tribunal de Contas do Amapá, na Assembleia Legislativa, na Prefeitura de Macapá, nas Secretarias de Justiça e Segurança Pública, de Saúde, de Inclusão e Mobilização Social, de Desporto e Lazer e no Instituto de Administração Penitenciária. As áreas onde se descobriu as irregularidades receberam R$ 800 milhões de recursos federais em 2008 e 2009, segundo investigações da CGU.
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