Pressionado por deputados da base aliada e pelo funcionalismo público, o governador Beto Richa (PSDB) recuou e decidiu pagar em uma única parcela e não em duas o reajuste de 6,49% aos servidores estaduais. A medida, porém, contraria uma recomendação da Secretaria da Fazenda, segundo a qual o aumento deveria ser parcelado.
Na semana passada, com as galerias da Assembleia Legislativa lotadas, parlamentares governistas ameaçaram votar com a oposição e derrubar o parcelamento do reajuste. Diante da rebelião, Richa, que estava em viagem à Europa, teve de ser consultado às pressas e concordou com o adiamento da votação.
Ontem, o governo decidiu retirar o projeto original que tramitava no Legislativo e enviou uma nova mensagem em que garante o pagamento do reajuste em cota única, com data retroativa a 1.º de maio. O aumento será pago no mês seguinte à sanção da proposta, o que deve ocorrer ainda nesta semana. Para isso, a sessão de hoje será transformada em comissão geral, de forma a permitir que os pareceres das comissões sejam dados diretamente no plenário, acelerando a tramitação da matéria. O impacto do reajuste nos cofres públicos será de R$ 68,6 milhões mensais.
"A situação financeira está muito apertada, mas, num gesto de grandeza, o governador fez um esforço para atender ao pedido dos servidores e dos deputados", justificou o líder do governo na Assembleia, Ademar Traiano (PSDB). "Vamos ter de tirar de um lugar para pôr em outro e garantir o reajuste em parcela única."
Desacordo
Enquanto a nova mensagem era lida ontem no plenário do Legislativo, o secretário da Fazenda, Luiz Carlos Hauly, afirmava ser contrário ao pagamento do reajuste em cota única. Segundo ele, a conveniência da situação seria avaliada pela Casa Civil e pela Secretaria de Governo. A orientação da Fazenda, porém, era não pagar o aumento de uma só vez. "Poder dar [o reajuste numa única parcela] não pode. Estamos recomendando cautela e o máximo de prudência. Servidores e governo têm de jogar juntos", defendeu, em coletiva à imprensa.