Apesar de alegar que Luiz Abi Antoun é apenas um “parente distante”, o governador Beto Richa (PSDB) disse nesta segunda-feira (29) que sabia que seu primo e o atual secretário estadual da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, se conheciam. “Eu sabia que eles tinham algum contato, se conheciam, mas não sei em que nível se dava esse conhecimento”, afirmou Richa.
Líder do governo defende Mauro Ricardo e oposição questiona proximidade com Abi
Na Assembleia Legislativa do Paraná, o líder do governo, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), saiu em defesa do secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa. Segundo ele, uma simples reserva de hotel não pode jogar na lama a trajetória de um auditor fiscal federal probo e competente. O peemedebista reiterou que Costa pagou a conta do Hotel Bourbon do próprio bolso e afirmou que o caso não passa de um factoide. “Vamos tratar de temas reais, não imaginários. O Gaeco já está investigando a fundo [a corrupção na Receita Estadual] e não restará pedra sobre pedra”, argumentou.
Por outro lado, o líder da oposição, Tadeu Veneri (PT), declarou que o assunto é extremamente grave, pois expõe a proximidade entre Costa e o empresário Luiz Abi Antoun, acusado de ser o operador político do esquema de corrupção na Receita. “Ninguém paga a conta de alguém sem conhecer a pessoa. Nem pede a sugestão de um lugar para passar o réveillon”, afirmou. “O governador sempre frisa que o Abi é um primo distante, mas foi justamente ele a primeira pessoa com que o futuro secretário da Fazenda teve contato.”
Líder do PMDB, Nereu Moura, cobrou dos colegas a instalação de uma CPI que investigue as denúncias de corrupção na Receita Estadual. Até agora, das 18 assinaturas necessárias para tirar a comissão do papel, a oposição conseguiu apenas nove. “A Assembleia não está cumprindo a sua parte, de fiscalizar, de investigar o Executivo. Infelizmente, estamos indo sempre a reboque da imprensa”, disse. Vice-líder do grupo oposicionista, Requião Filho (PMDB) foi irônico ao afirmar que há dúvidas se Costa “foi escolhido pelo primo Antoun ou pelo governador”.
No entanto, o governador negou que tivesse qualquer informação de que Abi realizou pagamentos de diárias para Costa em um hotel de Curitiba. “Eu não sei a razão pela qual ele fez a reserva”, disse o governador. Richa evitou se aprofundar no assunto. “O secretário já deu as explicações e eu não tenho nada a acrescentar a isso.”
O empresário Luiz Abi é acusado pelo Ministério Público Estadual (MP) de ser o operador político do esquema de corrupção na Receita Estadual, órgão vinculado à Secretaria da Fazenda, embora nunca tenha tido um cargo no governo do Paraná.
Em reportagem publicada nesta segunda-feira (29), a Gazeta do Povo mostrou que Abi pagou despesas de hospedagem de Costa em um dos principais hotéis de Curitiba. O pagamento de pelo menos seis diárias, entre 31 de dezembro de 2014 e 5 de janeiro desse ano, no valor de R$ 1.751,40, foi feito pela empresa Alumpar Alumínios, de propriedade da família Abi.
O secretário da Fazenda confirmou que o pagamento foi feito por terceiros, mas disse que isso ocorreu sem seu conhecimento. De acordo com Costa, quando soube do pagamento, pagou a quantia de seu próprio bolso.
Secretário diz ter pago diária, mas reconhece que Abi fez a reserva
- Euclides Lucas Garcia
O secretário estadual da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, voltou a afirmar que pagou do próprio bolso as diárias dele, da esposa e dos filhos no Hotel Bourbon, em Curitiba, entre os dias 31 de dezembro e 5 de janeiro. A reserva foi feita em nome da empresa Alumpar Alumínios, do empresário Luiz Abi Antoun, e previa que o secretário deveria pagar apenas as despesas extras do hotel, mas não a hospedagem.
Segundo Costa, porém, ao saber na recepção do Bourbon que não precisaria pagar as diárias, entrou imediatamente em contato com Abi para que solicitasse ao hotel a emissão de um boleto para que ele próprio quitasse as diárias. À reportagem, Costa encaminhou um boleto gerado no dia 15 de janeiro e com data de vencimento do dia 20, no valor de R$ 2.335,20. Ele também enviou o comprovante de pagamento, com débito em sua conta no Banco do Brasil, e um documento assinado pelo Bourbon informando que ele próprio quitou a hospedagem.
Nesse período de 15 dias entre a saída do hotel e o pagamento da hospedagem, o secretário disse que conversou apenas com Abi e que não entrou em contato com o estabelecimento para saber se alguém havia quitado a hospedagem dele e da família.
“Não tem qualquer pagamento por parte do Luiz Abi da minha estadia nesse período. O que infelizmente eu fiz foi aceitar o oferecimento dele em fazer a reserva [para mim]”, afirmou. “Mas não sabia que ele ia fazer em nome de empresa, achei que ia fazer a reserva em meu nome. Não tenho nada a ver com essa empresa.” Em comentário no espaço para leitores no site da Gazeta do Povo, a esposa do secretário, Marcia Costa, declarou que Abi foi uma das pessoas que eles conheceram em Curitiba, como tantas outras, e que gentilmente deram dicas sobre a cidade. “Aceitamos a gentileza da reserva, mas não de pagamento de nossas despesas. O nosso pagamento foi feito para o hotel, ninguém pagou nada para gente.”
Sobre a diária de R$ 291,90 entre 7 e 8 de dezembro, Costa reconheceu que foi paga pela Alumpar, sem o seu conhecimento, e disse que já solicitou a emissão de um boleto ao Bourbon para que possa quitá-la pessoalmente.
Procurado, o hotel informou que “não interfere quanto à forma e à fonte de pagamento referente às diárias de cada hóspede”.