A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), rebateu ontem as acusações de que teria recebido dinheiro do doleiro Alberto Youssef para antecipar pagamento de precatórios, dívidas do Estado recinhecidas pela Justiça. "Estou indignada [com as acusações]", afirmou, ressaltando que vai tomar providências perante a Justiça para esclarecer o caso
"Estou há quatro mandatos como governadora do estado do Maranhão e desafio qualquer empreiteiro, qualquer empresa ou qualquer prestador de serviço a dizer aqui, a dizer a alguém que algum dia me deu algum recurso, algum dinheiro que possa ter me comprado. Porque eu não sou mulher que seja comprada. Eu sou mulher que tenho ideal: que é o meu estado, que é o Maranhão", afirmou.
A governadora atribuiu as acusações à proximidade das eleições. "Fico indignada e não vou admitir que meu nome seja colocado para poder ser manobra política." Roseana disse ainda que não está na política para enriquecer e sim para ajudar os outros.
Em depoimento à Polícia Federal, a ex-contadora de Youssef, Meire Bonfim da Silva Poza, ligou o doleiro, figura central das investigações da Operação Lava Jato, ao governo do Maranhão. Segundo ela, Youssef negociou diretamente, a mando das construtoras UTC e Constran, o pagamento de R$ 6 milhões em propinas para que o governo maranhense antecipasse o pagamento de um precatório de R$ 120 milhões que beneficiava as empresas.
Ex-contadora de Youssef depõe hoje na Câmara sobre o caso Argôlo
Agência Estado
A ex-contadora do doleiro Alberto Youssef Meire Bonfim da Silva Poza aceitou o convite para depor no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados no processo por quebra de decoro parlamentar que tramita contra o deputado Luiz Argôlo (SDD-BA). Meire vai depor hoje, às 10 horas, como testemunha escolhida pelo relator do processo, o deputado Marcos Rogério (PDT-RO).
Em entrevista à revista Veja, Meire afirmou que o doleiro circulava com "malas e malas de dinheiro" em esquema de lavagem supostamente utilizado por políticos do PT, PMDB e PP. Segundo ela, as malas de dinheiro saíram da sede de pelo menos três "grandes empreiteiras, sendo embarcadas em aviões e entregues às mãos de políticos". A ex-contadora acusou Argôlo e o deputado André Vargas (sem partido-PR) de se beneficiarem do esquema. Ambos respondem a processo no colegiado por suas relações com o doleiro preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal.
Argôlo é acusado de receber, além de gado, R$ 120 mil de Youssef através de uma transferência bancária feita na conta de seu chefe de gabinete, Vanilton Bezerra.