Longe de um consenso com relação à posição que o partido deve adotar no segundo mandato do governo Lula, o PMDB reúne seus governadores nesta sexta-feira (17) e sábado em Florianópolis (SC) com desfalques importantes. Dos dez convidados, entre eleitos e atuais, quatro anunciaram que não comparecerão. São eles: Sérgio Cabral (RJ), Eduardo Braga (AM), Marcelo Miranda (TO) e Paulo Hartung (ES).
A reunião é uma iniciativa do governador reeleito de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, e do presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP). Ambos são expoentes do grupo de oposição a Lula no partido e, assim como o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, apoiaram o tucano Geraldo Alckmin na disputa presidencial.
Primeiro a anunciar publicamente sua ausência, o governador eleito do Rio, Sérgio Cabral, já tinha indicado que não iria ao encontro e na quinta-feira (16) oficializou sua decisão depois de se reunir com o prefeito do Rio, Cesar Maia. Cabral defendia que o encontro deveria acontecer em "campo neutro" e sugeriu Brasília para evitar divisões.
"Troquei idéias com o governador Paulo Hartung (reeleito no Espírito Santo) e achamos que era de melhor conveniência para o início da busca da unidade que a reunião fosse em Brasília", disse.
Também da ala lulista do PMDB, o governador reeleito do Amazonas, Eduardo Braga, prega a união do partido em torno de um projeto nacional e, claro, a aliança com o presidente da República. Mas vê dificuldade para um consenso imediato com seus colegas. "É a primeira reunião do colégio de governadores de uma seqüência que terá de haver", ponderou.
O governador eleito de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, que se autodefine do 'time anti-PT', condiciona qualquer acordo ao atendimento das demandas dos Estados, como a renegociação das dívidas com a União.
"O PMDB não precisa se alinhar, tem que ter projeto. Não pode ser antidiálogo se o presidente abriu essa possibilidade", retrucou o governador do Amazonas. "Neste momento tem de pensar no Brasil. O PMDB tem de ter responsabilidade, porque tem a maior bancada na Câmara e o maior número de governadores", ressaltou Eduardo Braga.
"Falta de institucionalidade"
Na terça-feira (14), Michel Temer convocou entrevista coletiva para reclamar da 'falta de institucionalidade' na relação entre partido e governo. Queixou-se de que, embora seja o presidente da legenda, até agora os interlocutores do partido tenham sido os senadores José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL), e o deputado Jader Barbalho (PA).
O episódio provocou reações na ala governista e pode ser uma das razões pelas quais alguns governadores reavaliavam sua disposição de ir à reunião em Florianópolis. Alguns receberam telefonema de Renan, que alertou sobre o 'simbolismo' de fazer esse primeiro encontro dos governadores em Santa Catarina, onde Luiz Henrique faz oposição a Lula.
Entre as lideranças que confirmaram presença no encontro, estão dois governadores que terminam seus mandatos no fim deste ano, Eduardo Pinho Moreira (SC) e Germano Rigotto (RS), além de três eleitos: Roberto Requião (PR), André Puccinelli (MS) e o próprio Luiz Henrique da Silveira (SC).
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