A oposição mordeu, mas assoprou e os governistas elogiaram. Esse foi o resumo da repercussão do pronunciamento do presidente Luís Inácio Lula da Silva, feito nesta sexta-feira (12), pelos políticos paranaenses. A nomeação dos "traidores" foi uma tônica em quase todos as repercussões da oposição.
Sobre a possibilidade do pedido de impeachment do presidente, os que se manifestaram disseram que ainda é cedo para pensar nisso, mas a idéia não está descartada.
OposiçãoO deputado federal paranaense e sub-relator de sistema financeiro da CPI dos Correios, Gustavo Fruet (PSDB-PR) assistiu ao discurso de Lula ao lado do senador Delcidio Amaral (PT-MS), presidente da CPI dos Correios e da, também petista, senadora Ideli Salvatti de Santa Catarina.
"Pela reação dos parlamentares do próprio PT, o pronunciamento não foi contundente", conclui o deputado paranaense.
Na sua classificação, Fruet achou que o discurso do presidente foi morno e sem convicção. "Não convenceu. o presidente está se isolando e de repente pode vir uma avalanche contra ele", afirmou o deputado.
Fruet complementou dizendo que o pronunciamento desta sexta-feira "serviria há 30 dias, mas não hoje. Faltou dizer quem são os traidores".
Senador Álvaro DiasQuem mais "bateu" no presidente foi o senador paranaense Álvaro Dias (PSDB-PR). O senador resumiu o discurso de Lula dizendo que "foi um pronunciamento pequeno para o tamanho da crise. Faltou a palavra do líder, a sinceridade, faltou atitude. Ele sequer olhou nos olhos da população. Isso revela insegurança. Não convenceu". "Foi uma leitura fria de um texto sem importância diante da gravidade dos fatos. Ele perdeu uma grande oportunidade de avançar", complementou Dias.
Assim como Gustavo Fruet, Álvaro Dias achou que Lula deveria ter nomeado os traidores. "Quem o traiu? O Zé Dirceu? O ex-ministro Luiz Gushiken ou foi o Duda Mendonça? O presidente ainda está devendo", disse o senador.
O senador paranaense foi além e disse que acha que o presidente sabia do esquema de corrupção desde o começo. "Tanto sabia, como é o principal responsável por tudo que está acontecendo. Foram os amigos dele que arquitetaram tudo isso", disse.
Rubens BuenoQuem também acha que o presidente Lula sabia do esquema de corrupção é o presidente do Partido Popular Socialista (PPS) do Paraná e secretário geral da legenda, Rubens Bueno. "Claro que ele sabia ou então ele não governava o país. Não posso acreditar que ele não sabe o que acontece na `casa` dele", disse Bueno.
Sobre o pronunciamento, o presidente regional do PPS disse que foi um discurso "insosso, sem sal, fraco e sem efeito prático para amenizar a crise política. Ele deveria dizer quem o traiu e anunciar medidas para amenizar a crise. O que se viu foi uma tentativa de abafar o caso, assim como foi a entrevista dele em Paris", concluiu Bueno.
Prefeito de Curitiba Beto RichaO prefeito da capital paranaense, Beto Richa (PSDB-PR), através de sua assessoria, disse que "o presidente falou muito e não disse nada no discurso". "Ele tinha que apontar os traidores. Ele ainda deve uma explicação à nação porque a crise é gravíssima", comentou Richa.
Governador do Paraná Roberto RequiãoO governador do estado, Roberto Requião (PMDB-PR), divulgou uma nota, definindo o pronunciamento do presidente Lula como um "discurso para divertir e desviar do que importa".
Requião acha que "a origem da crise política brasileira é a manutenção pelo atual governo da política econômica do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso".
O governador criticou ainda a política econônica do governo Lula, até então inabalada pelas denúncias que assolam o país. "Nós votamos no Lula para que o Brasil mudasse. Para que sua vitória significasse a volta da esperança, mas o que vemos é a continuidade da política econômica. E isso sim, sem sombra de dúvida, é traição".
A nota ainda critica a participação do PMDB no governo em troca de cargos políticos. "É um absurso. Deveríamos apoiar as idéias positivas que surgissem. Mas o que está acontecendo é uma troca de apoio mecânico pela participação no governo", finaliza.
SituaçãoO ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, esteve presente no pronunciamento do presidente Lula e disse, através de sua assessoria, que "o discurso não foi o que muita gente esperava, mas foi positivo e válido. Lula assumiu o sentimento de traição, ele foi sincero, ponderado, direto e foi válido pelo pedido de desculpas à nação", contou o paranaense.
Respondendo a oposição, que pediu para o presidente nomear os traidores, Paulo Bernardo disse que Lula não deu nomes para não comprometer ninguém, "afinal as investigações não apontaram os culpados".
Ângelo VanhoniO deputado estadual Ângelo Vanhoni (PT-PR) e ex-candidato à Prefeitura de Curitiba, afirmou que não viu o pronunciamento do presidente, mas achou correta a iniciativa de dar uma explicação ao povo brasileiro.
O deputado deferal Dr. Rosinha (PT-PR), foi procurado pela reportagem do Portal TudoParaná, mas o assessor informou que ele estava viajando para Guarapuava, na região Central do estado.
Políticos da oposição acham que é cedo para falar em impeachment, mas não descartam o tema
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