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A bancada governista impediu ontem a votação da proposta de emenda constitucional que proíbe o nepotismo no Paraná. Os deputados estaduais do PMDB e de partidos aliados decidiram não comparecer ao plenário, e a sessão foi derrubada por falta de quórum. Uma nova votação está marcada para hoje.

Numa sessão tensa que durou quase quatro horas, sindicalistas, professores, representantes da Associação dos Magistrados e do movimento sem-terra lotaram as galerias para acompanhar a votação.

Na tentativa de reunir quórum, o presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão (PSDB), apelou para a chamada nominal dos deputados, mas não conseguiu reunir 33 parlamentares.

Dos 54, 28 estavam presentes, número suficiente para a votação, mas não para a aprovação da emenda, que necessita de 33 votos favoráveis. A saída foi adiar a votação num "recuo estratégico".

Hermas Brandão criticou duramente a ausência da base do governo. "É um desgaste muito grande para a Assembléia inteira, mas será maior para aqueles que não apareceram para votar. Não é isso que a sociedade espera", disse.

O presidente avisou que a emenda será colocada em votação quantas vezes for preciso e a bancada governista não terá como se esquivar. "Vão ter que vir aqui votar sim ou não".

Presidente da comissão especial que elaborou a emenda antinepotismo, Durval Amaral (PFL) considerou "ousadia" a falta da base aliada. "Quanto mais adiar, maior será a pressão da sociedade, mas uma hora ou outra vão ter que votar", afirmou.

Para Tadeu Veneri (PT), autor da proposta, o governo usou uma "estratégia suicida" porque está se posicionando contra uma emenda assinada por 25 parlamentares. "Não é um projeto de um deputado, mas da Assembléia toda", afirmou.

Os deputados acusaram o governador Roberto Requião (PMDB) de ter articulado o desmonte da votação. "Ao impedir a presença da base o governador assume para si que quer manter dezenas de parentes no governo. E os deputados da base deveriam ter coragem para estar aqui, mas estão escondidos nos gabinetes", provocou o presidente estadual do PT, André Vargas.

Sem governistas no plenário para rebater os ataques, os discursos contra o governo tomaram conta da sessão. "A atitude de Requião é de deboche com o povo ao proibir os deputados de votar", disse o líder do PDT, Luiz Carlos Martins. O deputado Barbosa Neto (PDT) disse que sentia vergonha de ser deputado. "Um governador que emprega a família inteira no governo tem a audácia de apresentar uma outra emenda para embaralhar a votação da proposta da Assembléia e ainda manda esvaziar o plenário", disse.

O líder da oposição, Valdir Rossoni (PSDB), disse que quanto mais o governo manobrar para evitar a aprovação da lei, maior será o desgaste. "Toda a sociedade paranaense tem conhecimento que Requião emprega 26 parentes", disse.

O governador enviou na semana passada uma emenda à Assembléia proibindo a nomeação de parentes em cargos comissionados no serviço público. A proposta é semelhante a que está sendo discutida na Casa e proíbe a contratação de familiares de até 2.º grau no Executivo, Legislativo, Judiciário, Tribunal de Contas, Ministério Público, prefeituras e câmaras municipais.

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