O governo do estado conseguiu a autorização da Assembléia Legislativa para transformar a Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) em autarquia. Numa sessão tumultuada e depois de cinco horas de discussão, os deputados estaduais aprovaram ontem a constitucionalidade da mensagem. O projeto ainda precisa passar por outras duas votações antes de ser encaminhado para sanção do governador.

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Apesar da pressão de cerca de 400 funcionários da empresa, que lotaram as galerias para pedir a derrubada do projeto, o governo conseguiu maioria folgada na aprovação: 31 votos a favor e 19 contra.

Os deputados passaram a maior parte do tempo discutindo o aspecto legal da proposta. Os debates começaram antes mesma da sessão quando a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deu parecer contrário ao projeto e classificou-o como inconstitucional.

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De acordo com o parecer do relator Reni Pereira (PSB), o governo descumpriu a Lei de Responsabilidade Fiscal porque não apresentou a previsão de gastos para pagamento de ações trabalhistas dos servidores. O deputado também argumentou que o estado não pode transformar empregos públicos em cargos com a transformação em autarquia e haveria necessidade de concurso público.

Mesmo com parecer contrário da maioria dos integrantes da CCJ, o projeto foi aprovado pelo plenário. "Foi uma decisão política de aprovar um projeto inconstitucional", disse Reni Pereira.

A discussão sobre a legalidade se arrastou durante horas. A bancada de oposição fez demorados discursos para tentar vencer os governistas no cansaço. As manobras, no entanto, não tiveram sucesso. Os manifestantes estavam impacientes e o líder da oposição, Valdir Rossoni (PSDB), atendeu aos apelos do sindicato para desobstruir a votação. Às 19h30, o projeto foi aprovado.

O presidente do sindicato que reúne várias categorias ligadas à Emater, Ivo Petry, lamentou o resultado. Segundo ele, a empresa vai perder a mobilidade e agilidade porque o tempo de liberação do governo para compras vai dificultar o trabalho de assistência técnica aos produtores rurais. O processo de aquisição de máquinas e insumos agrícolas, por exemplo, pode ser muito mais moroso do que no atual sistema.

Petry também prevê a queda de qualidade da Emater como ocorreu depois da mudança de regime jurídico do Iapar, há 12 anos, que perdeu os melhores técnicos e hoje é considerado um órgão sucateado.

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O presidente da Emater, Sabino Campos, rebateu as declarações do sindicato. "Não vai ficar engessado porque não muda nada no processo de compras. A empresa já segue a lei de licitações do estado", explicou. "Na prática já funciona como autarquia".

O governo, segundo Sabino Campos, já se comprometeu a enviar o plano de cargos e salários da categoria em 90 dias e pagar em 36 vezes as correções salariais através de dissídios coletivos que somam R$ 23 milhões. A proposta, no entanto, não agrada à categoria. Segundo Ivo Petry, os servidores estavam dispostos a "flexibilizar" os reajustes em troca do arquivamento do projeto.

O projeto volta a ser discutido hoje em segunda discussão e vai receber emendas dos deputados.