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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez críticas indiretas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira (3) em palestra a industriais e empresários em Fortaleza. "Estamos transformando o governo das leis no governo do homem, do 'cara'", disse, em referência ao episódio em que Lula foi chamado de "o cara" pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

Fernando Henrique disse que há crise de valores morais e éticos no país. Para introduzir o assunto, ele narrou um diálogo que teve com seu barbeiro, o "Jacaré", num estabelecimento que, segundo ele, é "uma portinhola lá em São Paulo".

De acordo com o ex-presidente, Jacaré teria lhe feito o seguinte comentário: "A pessoa que chega lá em cima tem o direito de roubar". Ao que o ex-presidente diz ter respondido com espanto: "E você diz isso para mim, que cheguei lá? Ou está me chamando de ladrão ou de bobo". Para FHC, a acumulação desses "pequenos desvios" gera o sentimento da impunidade.

Crise no Senado

Antes, durante entrevista coletiva, o ex-presidente comentou a crise vivida no Senado e as denúncias contra o presidente da Casa, senador José Sarney (PMDB-AP) e criticou a interferência do presidente Lula na questão. "A essa altura o presidente Lula já refletiu um pouco melhor", comentou, referindo-se à afirmação do presidente de que o senador Sarney não poderia ser julgado como uma pessoa comum.

"Qualquer que venha a ser o resultado, não nos cabe prejulgar, a Comissão de Ética não pode estar sob suspeição", observou.

Em seguida, disse ser "estapafúrdio" o fato de 70% dos integrantes da Comissão de Ética do Senado estarem envolvidos com algum tipo de irregularidade. "Indicar para o Conselho de Ética pessoas que elas próprias são suspeitas de desvios éticos é estapafúrdio", condenou.

Eleições 2010

FHC também falou sobre as eleições previstas para o ano que vem. Perguntado quando seria conhecido o nome do candidato tucano que vai disputar as eleições presidenciais, disse apenas: "Isso é um processo político. Não tem data". E questionado sobre quem estaria melhor preparado para a missão, se o governador de Minas, Aécio Neves, ou o de São Paulo, José Serra, foi ainda mais reticente: "Os dois estão preparados. Ninguém é bom para tudo e ninguém é bom a qualquer momento".

A escolha, segundo ele, será feita tomando por base quem, em determinado momento, poderá unir mais o partido. Com relação a uma eventual candidatura do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) ao governo paulista, FHC disse achar "estranho" e "esquisito" Ciro abandonar sua base eleitoral. "Por que não o Ceará?", questionou.

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