O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse na manhã desta quarta-feira (12) que faltou uma ação do governo Dilma Rousseff para controlar a crise no Congresso. Segundo ele, falta diálogo entre o Palácio e os parlamentares. "A agenda voltou a ser como no regime militar: projetos de impacto, feitos dentro do gabinete para surpreender a sociedade", avaliou.

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FHC falou sobre o assunto durante um breve intervalo durante o debate organizado para celebrar os 20 anos do Plano Real, em São Paulo. Em seu discurso na abertura do evento, ele evitou criticas mais diretas."Há um certo cansaço. Esse cansaço da sociedade se repete no Congresso. (...) Não temos coalizão. O que temos agora é cooptação. Não estão brigando por um projeto. O resultado disso é o esvaziamento da agenda pública", afirmou.

FHC disse que é cedo para avaliar a profundidade da crise entre o Planalto e o bloco de parlamentares descontentes liderado pelo PMDB. "O Congresso perdeu sua voz política e agora esta dizendo 'eu existo'". Segundo ele, projetos importantes deixaram de ser debatidos com o Legislativo ao longo dos últimos anos.

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Discurso

Antes de falar com a imprensa, o ex-presidente abriu a série de debates sobre os 20 anos do Plano Real. Em seu discurso, ele comparou o momento atual do país com o pós-Collor e disse que será preciso uma "mudança mais profunda" para avançar. Na plateia estavam os principais idealizadores do Plano Real. O ex-presidente iniciou sua fala relembrando bastidores da implementação da moeda e da crise política deflagrada após o impeachment de Collor. Por fim, disse que o país vive novamente um momento em que "sente que é preciso mudar".

"Estamos vivendo um momento em que o país sente que é preciso mudar. (...) As manifestações não foram dirigidas a este ou aquele. É maior do que isso. Há um mal humor e há também uma coisa mais importante: um rancor", disse FHC.

O ex-presidente fez referências a "ônibus queimados" e "pessoas amarradas". Principal padrinho do candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à sucessão de Dilma, FHC disse que não faria "exclusivismos", mas que o Brasil aguarda uma nova liderança."Há um mal estar no país que não deriva de que não tenha havido progressos", disse. Numa única provocação explicita, disse que não faz parte do grupo que acredita que a história tenha começado em seu governo, referencia ao seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva. "A história não começa conosco. Houve muito esforço antes de nós."