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Aécio Neves e Beto Richa posam para foto com Dilvo Grolli, presidente da Coopavel: mineiro e paranaense têm trajetórias e discursos semelhantes | Cesar Machado/Valepress
Aécio Neves e Beto Richa posam para foto com Dilvo Grolli, presidente da Coopavel: mineiro e paranaense têm trajetórias e discursos semelhantes| Foto: Cesar Machado/Valepress

Parceria de Beto com o mineiro busca se contrapor aos paulistas

Sandro Moser

Cada vez mais próximos, o governador Beto Richa (PSDB) e o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) tem trajetória e perfis políticos parecidos. Com discurso e prática também afinados, os dois agora buscam se destacar como líderes nacionais do partido, ainda dominado por caciques paulistas.

Os dois defendem a realização de eleições prévias para o PSDB escolher o próximo candidato à Presidência. E criticam a condução da campanha de paulista José Serra em 2010.

Aécio ainda costuma visitar o Paraná com frequência e elogiar publicamente o aliado em discursos e entrevistas, citando-o como uma liderança nacional. Desde o mandato como prefeito de Curitiba, de 2004 a 2010, Ri­­cha também nunca escondeu a admiração pelo estilo de gestão de Aécio como governador mi­­neiro (2002 a 2010).

O paranaense "importou" de Mi­­­­­nas programas e estratégias de governo que viraram marcas de sua administração na prefeitura e que agora são usadas no governo estadual. Os ‘‘contratos de gestão’’, em que os secretários as­­sinam um compromisso de atingir metas e objetivos, é um dos recursos de gestão usados por Aécio e incorporados por Richa. Quem não alcança a meta é desligado da equipe.

Outra ponte entre os dois é a adoção de programa de modernização da gestão, lançado por Richa em setembro do ano passado para melhorar a qualidade dos serviços públicos e evitar o desperdício. Para o trabalho, o governo do Paraná contratou consultorias privadas que já haviam prestado o mesmo serviço ao governo Aécio em Minas. No discurso Richa e Aécio também falam a mesma língua. Defendem a meritocracia na administração pública. E dizem ser contra o "aparelhamento da máquina".

A prioridade dada à atração de investimentos privados, sobretudo para as maiores cidades dos estados, é outro ponto de convergência entre os dois tucanos, diz o cientista político Luiz Domingos Costa, da Uninter. "Ambos tem mais afinidade com setores sociais economicamente mais estabelecidos do que com lideranças políticas locais ou sindicatos. Além disso, privilegiam obras urbanas nas regiões metropolitanas e cidades ricas."

Trajetórias

Costa destaca ainda a semelhança da trajetória política de Richa e Aécio. Ambos herdaram o capital político de parentes "pesos-pesado": Aécio do avó Tancredo Neves, ex presidente da Repú­­blica; Beto do pai, o ex-governador José Richa. Ambos começaram a carreira política muito jovens, ascendendo rapidamente de cargos no Legislativo para o Executivo.

O cientista político Antônio Octávio Cintra, da Universidade de Brasília, destaca ainda a boa aprovação popular dos dois e a conciliação como característica política.

Parecidos

Confira algumas semelhanças entre Richa e Aécio:

• Herdeiros de políticos importantes.

• Perfil de político jovem e carismático.

• Rápida ascensão política.

• Contratos de gestão.

• Política de atração de investimentos privados.

• Discurso de modernidade e austeridade nos gastos públicos.

• Prioridade a grandes obras de infraestrutura viária.

• Trânsito fácil com o setor empresarial.

• Defesa das prévias partidárias no PSDB.

• Críticas à conduta do partido na eleição presidencial de 2010.

Após ser alçado pelo ex-presidente Fernando Henrique Car­doso à condição de candidato "óbvio" do PSDB à Presidência, o senador Aécio Neves vestiu o figurino de principal opositor do governo da presidente Dilma Rousseff. Ontem, em Cascavel, no Oeste do Paraná, começou a marcar posição. E partiu para o ataque ao dizer que o programa de governo petista é um "software pirata" da administração de FHC. "O original é nosso. Quem concebeu toda essa construção macroeconômica de câmbio flutuante, de superávit primário foi o PSDB", disse.

Aécio, que esteve em Cascavel para participar do Show Rural Coopavel, também insinuou que o modelo de concessão dos aeroportos foi copiado de uma proposta dele próprio. "Essa proposta que ocorre agora, da concessão de aeroportos, muitos de nós governadores levamos. Eu pessoalmente levei [quando governava Minas], acompanhado do então prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, hoje ministro do Desenvolvi­­­mento, à então chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a proposta de concessão do metrô da capital do meu estado e do Aeroporto Tancredo Neves, de Confins. Exatamente o modelo que de­­pois de enfrentar toda essa resistência, hoje eles [o PT] assumem", afirmou.

O governo Dilma arrecadou na segunda-feira R$ 24,5 bilhões com o leilão dos aeroportos de Cumbica (Guarulhos), Viracopos (Campinas) e de Brasília.

Aécio ainda ironizou o ministro Guido Mantega (Fazenda). "Ele deve pensar: por que nós de­­moramos tanto para acordar e não assumimos mais esta proposta do governo do PSDB lá atrás? Teria sido melhor para o Brasil e para o próprio governo deles", disse Aécio.

Infraestrutura

O senador mineiro também criticou a falta de investimentos em infraestrutura no país e afirmou que o Brasil vive um grave problema de desindustrialização. "Nós estamos voltando à década de 50, quando éramos grandes exportadores de commodities, de matéria-prima. Há dez anos, 60% da pauta da balança de exportações eram de produtos manufaturados, portanto produtos que agregavam valor internamente, geravam empregos. Hoje é o inverso: 60% de tudo o que se exporta é commodities." Para ele isso deixa o Brasil à mercê das crises internacionais devido a quedas nos preços das matérias-primas.

Para Aécio, no momento o PSDB tem a responsabilidade de se apresentar como partido que pensa o Brasil discutindo os principais problemas da população. Ele esteve no Paraná acompanhado do deputado federal Duarte Nogueira (PSDB-SP) e do secretário-geral do partido, deputado Rodrigo de Castro (MG).

Candidato tucanoPara Richa, senador é a "bola da vez"

O governador Beto Richa (PSDB), que acompanhou Aécio Neves na visita a Cascavel, tratou de confirmar que o mineiro é a "bola da vez" dentro do partido para a sucessão presidencial.

Para Richa, a declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que Aécio é o candidato natural ao PSDB tem um "grande peso" não apenas internamente no partido, mas em todo o cenário político.

O governador elogiou a postura ética e a competência do senador e disse que Aécio merece o reconhecimento de todos brasileiros. "Sua trajetória política, sua história de vida o credenciam a ser um grande candidato à Presidência da República", afirmou. Ele ponderou, no entanto, que ainda é cedo para lançar uma candidatura e frisou que o PSDB tem outros grandes nomes.

Agradecimento

Já Aécio agradeceu os elogios e incluiu o governador paranaense na lista de pré-candidatos à disputa presidencial. "É um nome extremamente qualificado, com todas as condições de encampar, de empunhar as bandeiras que vão se diferenciar do atual modelo de gestão que está aí no governo federal", disse o mineiro.

O senador ainda desconversou sobre as declarações de FHC. "Ele fez uma manifestação em torno do meu nome e eu tive a oportunidade de agradecê-lo. Mas esta [o lançamento da candidatura] é uma decisão que deve ser tomada a seu tempo."

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