A nomeação de político ligado a uma denúncia de trabalho escravo levou a CPT (Comissão Pastoral da Terra) a classificar o governo do Maranhão, comandado por Flávio Dino, do PC do B, como autoritário, conservador e amparado em estruturas oligárquicas.
O pivô das críticas da CPT é o ex-deputado estadual Camilo Figueiredo (PR-MA), nomeado assessor especial da Secretaria da Casa Civil da gestão de Dino.
O governador se elegeu em 2014, rompendo um ciclo de quase 50 anos de poder no Estado da família Sarney, comumente criticada por entidades como a CPT.
Uma nota de repúdio assinada pela coordenação da pastoral da diocese de Coroatá, no Maranhão, afirma que o ex-parlamentar é sócio da Fazenda Bonfim, em Codó (218 km de São Luís), onde foram encontrados trabalhadores em situações análogas às de escravos em 2012.
A propriedade pertence à Líder Agropecuária Ltda., da família de Figueiredo. Em 2006, ele declarou à Justiça Eleitoral ter 2.448 cotas da sociedade, avaliadas em mais de R$ 937 mil. A empresa não apareceu em suas declarações de bens de 2010 e 2014.
A Líder foi incluída, em junho de 2013, na lista suja do trabalho escravo, atualizada pelo Ministério do Trabalho e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência.
A ONG Repórter Brasil, que denuncia violações a direitos humanos, noticiou em abril de 2012 que sete trabalhadores haviam sido resgatados na Fazenda Bonfim, de criação de gado de corte.
A reportagem afirmava que adultos e crianças bebiam a mesma água consumida pelos animais da fazenda.
Para a CPT, a nomeação do escravocrata Figueiredo, assinada por Dino, indica com clareza o caráter de seu governo: autoritário, conservador, amparado em estruturas oligárquicas".
OUTRO LADO
O governo do Maranhão deve notificar Camilo Figueiredo e a Líder Agropecuária para que apresentem informações sobre o caso.
Em nota, a gestão afirmou que o nome de Camilo Figueiredo não consta de nenhuma lista alusiva a trabalho escravo e que sua nomeação para o cargo de segundo escalão foi feita após análise de todos os requisitos legais.
Prometeu analisar a acusação feita à empresa após o exercício do direito de defesa por parte do servidor e demais interessados".
O governo rebateu as críticas da CPT, que considerou despropositadas e divorciadas da realidade. Disse ser absurdo julgar todo um governo, com práticas claras em favor dos direitos humanos, com base em um fato isolado e ainda sem comprovação envolvendo Figueiredo.
A reportagem tentou, mas não conseguiu contato com o ex-deputado até sexta pela manhã. Um pedido de entrevista com ele também foi feito à Secretaria de Comunicação. A pasta enviou a nota do governo defendendo a legalidade da nomeação.
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