O governo brasileiro enviou nesta segunda-feira (17) à embaixada em Paris o "pedido de prisão preventiva para fins de extradição" do ex-banqueiro Salvatore Cacciola. O documento será apresentado à Justiça do Principado de Mônaco pela ministra-conselheira Maria Laura da Rocha, escalada pelo Itamaraty para acompanhar o caso de Cacciola em Mônaco, onde está preso desde sábado (15).
Segundo o Itamaraty, o pedido de extradição de Salvatore Cacciola, que será elaborado pelo Ministério da Justiça, ainda não está pronto. Por isso, os diplomatas brasileiros vão insistir na prisão do ex-banqueiro até que a extradição seja julgada.
No fim de semana, o governo brasileiro enviou à Justiça de Mônaco um documento no qual "expressa o interesse" em pedir a extradição de Cacciola. Mas o pedido de prisão preventiva saiu do Brasil apenas nesta segunda.
Histórico
O ex-dono do Banco Marka foi envolvido em um escândalo em janeiro de 1999, quando o real sofreu uma maxidesvalorização em relação ao dólar: o Banco Central elevou o teto da cotação do dólar de R$ 1,22 a R$ 1,32.
Com muitas dívidas assumidas em dólar, Cacciola teria pedido ajuda ao então presidente do BC, Francisco Lopes, que vendeu dólares por um preço mais barato do que o do mercado. A operação resultou num prejuízo de R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos.
Na época do episódio, Francisco Lopes alegou que o dinheiro foi emprestado ao Marka e ao FonteCindam para evitar uma crise que abalaria todo o sistema financeiro nacional.
Em outubro de 2001, a Justiça determinou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico e a indisponibilidade de bens de alguns dos envolvidos no caso: Salvatore Cacciola, Francisco Lopes, ex-diretores de BC Cláudio Mauch e Demósthenes Madureira de Pinho Neto e da a diretora de Fiscalização do BC, Tereza Grossi. Na mesma ocasião, Teresa foi afastada do cargo.
Em 2005, a juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, condenou Francisco Lopes a dez anos de prisão por peculato - crime em que um funcionário público use o cargo para apropriar-se de dinheiro ou beneficiar outros ilegalmente.
Na mesma sentença, foram condenados a ex-diretora do BC, Tereza Grossi a seis anos - e Cacciola. O ex-banqueiro é dado como foragido desde 2000.
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