O governo estuda a criação de novos quatro centros de controle do espaço aéreo, que funcionariam como reservas aos atuais quatro Cindactas (Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo). Os novos centros minimizariam eventuais falhas de comunicação dos Cindactas, como a que ocorreu na terça-feira - os aviões ficaram por três horas sem comunicação com as torres de controle, o que fechou os aeroportos do Sudeste e do Centro-Oeste - provocando a pior pane da história da aviação civil.
- O governo está, junto com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o Comando da Aeronáutica, finalizando os estudos para reabrir os centros de controle aéreo regionais, para que funcionem como backups dos Cindactas principais - afirmou o presidente da Anac, Milton Zuanazzi.
Ele disse ainda que as sedes dos novos centros de controle regionais devem ser São Paulo (apoio ao Cindacta 1, em Brasília), Porto Alegre (apoio ao Cindacta 2, em Curitiba), Salvador (apoio ao Cindacta 3, em Recife) e Belém (apoio ao Cindacta 4, em Manaus).
- Isso não significa que estamos dividindo os Cindactas ou descentralizando o controle de tráfego aéreo. É apenas a criação de um sistema de backup - disse.
Zuanazzi afirmou ainda que o governo já comprou equipamentos de reserva, iguais aos que falharam na terça-feira, e que eles devem estar completamente instalados até o fim da semana que vem. E, ainda segundo ele, o governo já está providenciando a compra de um novo sistema de rádio para ser instalado em São Paulo, como determinou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma reunião emergencial sobre a crise na terça-feira.
A ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que não acredita em sabotagem, e sim numa falha humana ou de equipamentos.
- Não acredito que pareça ser algo como uma ação indevida, acho que foi mais uma falha humana do que qualquer ato de sabotagem - afirmou.
Ela também disse que o problema no sistema de comunicação de rádio no Cindacta I é simples e será resolvido o mais rapidamente possível. A ministra não deu prazo para a situação voltar ao normal nos aeroportos.
- O governo agiu tentando preservar a questão da segurança, ou seja, colocou a segurança como a questão mais importante para ser encarada, mesmo que isso causasse alguns incômodos, ou grandes incômodos à população. A avaliação feita até agora é que o problema que ocorreu não é um problema sério. É um problema bastante simples de solução e que vai ser operado no prazo mais rápido possível.Situação começa a se normalizar nos aeroportos
Segundo a Anac, a situação dos aeroportos já está bem melhor nesta quinta-feira. De acordo com o levantamento oficial, até as 10h30m, 191 vôos tiveram atrasos superiores a uma hora e 23 foram cancelados, de um total de 610 decolagens previstas. O percentual de vôos com problemas está em 35%.
- Estamos bem melhor hoje, mas ainda vivemos alguns reflexos da pane de terça-feira - afirmou Zuanazzi.
No Aeroporto Internacional de Brasília, onde passageiros organizaram um apitaço na véspera, o tempo de espera médio nesta manhã é de meia hora. Por volta das 8h30m, cerca de 150 pessoas aguardavam na fila de uma companhia aérea. Na véspera, 600 esperavam para fazer o check-in. Até as 10h, dois vôos tinham sido cancelados.
Movimento no Aeroporto de Congonhas na quarta-feira. Gilberto Marques - Diário de S.Paulo
Em São Paulo, nove vôos - oito na chegada e um na partida - registraram atrasos até as 8h30m no Aeroporto de Congonhas. Os atrasos variam de 40 minutos a um hora e quarenta. No início da manhã, uma aeronave atrasou quatro horas.
No Rio, dois vôos atrasaram e outros dois foram cancelados, no início da manhã, no Aeroporto Internacional Tom Jobim.Crise deixa Pires em situação delicada
A crise operacional ampliou a crise política no setor , deixando praticamente insustentável a permanência do ministro da Defesa, Waldir Pires, no governo. Há 60 dias, o governo federal tenta resolver os problemas da aviação civil, e a insatisfação entre os militares da Aeronáutica e o Ministério da Defesa, comandado por um civil, é crescente.
O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, informou, por sua vez, que o governo não vai adotar medidas com pressa para resolver o problema e críticou as companhias aéreas que, segundo ele, não estão preparadas para atender os passageiros em momentos de crise.
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