A ajuda das forças de segurança nacionais ao governo paulista, que tanta controvérsia gerou nos últimos dias, já existe. Tanto o governador Cláudio Lembo quanto o ministro Márcio Thomaz Bastos confirmaram, após encontro nesta sexta-feira, que as polícias federal e estadual já trabalham juntas no combate ao crime organizado desde o início dos primeiros ataques, em maio passado.
- Desde que começou a crise estamos presentes e trabalhando em conjunto. Os serviços de inteligência estão absolutamente integrados e estamos avançando - explicou o ministro.
Segundo ele, isso faz parte de um plano de segurança pública que está sendo implantado em todo o país, com a cooperação de São Paulo.
O governador Cláudio Lembo concordou com a cabeça, mas disse que no momento não é necessária a presença física do Exército, oferecida por Bastos e que, se necessária, deverá ser discutida diretamente com o Comando Militar Sudeste. Bastos informou que representantes de várias instituições federais se reuniram com líderes do governo paulista. Citou como exemplo a Polícia Rodoviária Federal, que deverá realizar bloqueios de estradas sempre que necessários.
Apelo
Bastos fez um apelo a Lembo para que acelere a implantação no estado do Gabinete de Gestão Integrada, previsto no Sistema Único de Segurança Pública que vem sendo implantado no país. De acordo com o ministro, São Paulo firmou convênio de integração na gestão do governador Geraldo Alckmin. Segundo ele, a implantação corre em ritmo desigual entre os estados.
- Estamos trabalhando muito antes desta crise para implantar um Sistema Único de Segurança Pública no país, que é gerenciado nos estados por um gabinete de gestão integrada. É um processo de implantação, não ocorre da noite para o dia - afirmou.
R$ 100 milhões
O governo federal liberou à Secretaria de Administração Penitenciária R$ 100 milhões, dos quais R$ 50 milhões deverão ser investidos no setor de inteligência e a outra metade em reforma e ampliação de presídios. Várias penitenciárias do estado foram destruídas durante a megarrebelião de maio passado.
Lembo disse que a verba é insuficiente, pois só as reformas custarão R$ 75 milhões.
- Estamos numa situação de necessidade de grandes recursos, mas temos de levar em conta que há restrição orçamentária - disse Lembo.
Ao anunciar a liberação do dinheiro, Bastos disse que nunca foi liberada quantia tão alta ao estado, a não ser quando foi desativado o presídio do Carandiru.
- A questão de segurança é uma questão de Estado, de Nação, não pode ser politizada ou usada como moeda de crédito. Essas questões não podem ser objeto de disputa política - disse Bastos.
Lembo afirmou que as vagas que o governo federal ofereceu ao estado de São Paulo no presídio de Catanduvas, no Paraná, serão usadas no momento em que for necessário e oportuno. Bastos disse que cabe à São Paulo decidir quando usá-las.
Não foi confirmado o total de vagas que São Paulo tem à disposição, mas Lembo ressaltou que o governo não tem cerca de mil vagas disponíveis - referindo-se ao número de detentos listados pela polícia paulista como integrantes do crime organizado responsável pelos atentados.
Perguntado sobre o uso de celulares em presídios, Lembo disse que a Polícia Militar tem feito revistas quase diárias atrás de celulares.
- É um instrumento diabólico - disse ele.
Leia também:
Polícia prende 68 e mata três suspeitos de ataques
Ônibus e caminhões de lixo são incendiados na capital paulista
Militares recebem orientações de segurança no PR
Policiais fazem ronda ostensiva pelas ruas de Catanduvas
Paraná está em alerta máximo para evitar ataques como os de SP
Interatividade I
Você se sente seguro como cidadão com o atual sistema prisional e de segurança brasileiro?
Interatividade II
Você paranaense, que está em São Paulo, já presenciou algum tipo de violência? Conte sua história. Participe do fórum
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink