O governo do estado planeja cercar a Assembleia Legislativa do Paraná com um cordão de isolamento de policiais militares a partir deste sábado (25). O cerco estava programado para começar às 13 horas. O objetivo é garantir a votação de dois projetos do programa de ajuste fiscal no Legislativo nesta semana. O tamanho da área isolada ainda estava sendo definido, mas pode chegar a quatro quadras ao redor do prédio da Assembleia.
A ideia, segundo fontes da polícia, é isolar o Centro Cívico até quinta-feira (30), quando as propostas tiverem sido aprovadas. Sem contar com agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), a Secretaria da Segurança Pública (Sesp) vai empregar quase 900 policiais por dia, conforme a escala de trabalho à qual a reportagem teve acesso. O efetivo é praticamente o dobro que o aplicado em Curitiba diariamente.
Foram convocados policiais de todos os batalhões da cidade [12.º, 13.º, 20.º e 23.º]. O regimento de polícia montada, Patrulha Escolar, ajudantes de ordem que trabalham na segurança de autoridades, alunos da Academia do Guatupê, policiais da Força Ambiental e do Departamento de Apoio Logístico da PM também participarão. Estão previstos ainda agentes da Ronda Ostensiva Tático Motorizadas (Rotam) .
As equipes foram divididas em cinco, chamadas de A, B, C, D e E na escala. Cada equipe tem 225, 224, 217, 225 e 229 policiais, respectivamente. No total, serão 1.120 policiais, diariamente, em quatro turnos. Eles se apresentarão na antiga sede da Companhia Independente do Palácio Iguaçu, em frente à Sesp. Um oficial ouvido pela reportagem, que preferiu não se identificar, classificou a escala como insana. “É muito maior do que o aplicado na cidade diariamente”. Ele afirmou ainda que esse policiamento escancara a decisão política e não técnica para definir a estratégia da ação. “Dentro de qualquer doutrina da segurança, quem está no teatro de operações políticas não pode decidir como vai atuar a polícia. A pessoa jamais pode estar envolvida emocionalmente no fato.”
Ocupação
Na primeira tentativa de votação do “pacotaço“, em fevereiro, o plenário da Assembleia foi tomado por servidores, que permaneceram lá por três dias – o Legislativo já tem em mãos uma liminar judicial para evitar que a ocupação ocorra novamente. Sem ter como voltar ao plenário, os deputados tentaram fazer a votação no restaurante da Casa. Mas, novamente, os manifestantes tomaram a Assembleia – com receio de um confronto mais grave, a sessão foi suspensa e o governo retirou as propostas. Os dois projetos são reformulações das versões originais. Um deles prevê várias medidas. Entre elas, estão o refinanciamento de dívidas de ICMS e a venda das dívidas refinanciadas no mercado financeiro. O outro projeto é o que muda a forma de pagamento de inativos da Paranaprevidência. O governo pretende transferir o pagamento mensal de 33,5 mil inativos para o Fundo Previdenciário. A migração faz com que o Executivo não precise pagar esses aposentados e pensionistas com dinheiro do tesouro. Foram escolhidos para a migração servidores acima de 73 anos. A economia do governo seria de R$ 1,5 bilhão ao ano.
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