Delcídio Amaral: de líder do governo a “desabrigado” pelo partido.| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O Palácio do Planalto decidiu lavar as mãos sobre o destino do senador Delcídio Amaral (PT-MS) e abandoná-lo à própria sorte para que a nova crise não prejudique ainda mais a presidente Dilma Rousseff. Até ser preso pela Polícia Federal, na manhã desta quarta-feira (26), Delcídio era líder do governo no Senado. O escândalo deixou o núcleo político do Planalto perplexo e em alerta.

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Ao longo do dia, Dilma convocou duas grandes reuniões com ministros. A avaliação foi a de que o episódio agravou a situação política. Para que a crise não colasse em Dilma, porém, o Planalto resolveu rifar Delcídio. Depois de um “pente-fino” na gravação feita por Bruno Cerveró , filho do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, ministros adotaram o discurso de que as ações do senador foram feitas em “caráter pessoal”.

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“O governo foi surpreendido pelos fatos ensejados pela ação do Supremo Tribunal Federal (STF)”, afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “Não vejo impacto maior sobre o governo, uma vez que fatos relatados não derivam de ação do governo ou por ele solicitado”, disse.

Em conversas reservadas, porém, auxiliares de Dilma admitem que a estratégia de rifar Delcídio foi adotada para blindar a presidente. Não sem motivo: além de ver a investigação da Operação Lava Jato avançando sobre o Planalto, a prisão do senador petista ressuscita o escândalo da compra da refinaria de Pasadena, em 2006, quando Dilma era ministra-chefe da Casa Civil.

A refinaria foi comprada por preço superfaturado e Dilma depois afirmou que autorizou o negócio com base em um relatório produzido por Cerveró. De acordo com a presidente, ela constatou depois que o documento tinha falhas.