A abertura dos cofres públicos às vésperas da eleição para a presidência da Câmara beneficiou três peças-chaves da crise política, que já perderam seus mandatos mas continuam com força em seus partidos. Juntos, os ex-deputados Severino Cavalcanti (PP-PE), Valdemar da Costa Neto (PL-SP) e Roberto Jefferson (PTB-RJ) conseguiram em setembro R$ 3,4 milhões em emendas do Orçamento, figurando com essa performance entre os campeões de liberação no ano. Os recursos foram empenhados pelo Executivo, o que significa uma promessa de que o dinheiro vai ser liberado.
Presidente do PL, o ex-deputado Valdemar Costa Neto renunciou em 1 de agosto, depois de admitir que recebera R$ 6,5 milhões do esquema Valério/Delúbio. O parlamentar foi o primeiro a abrir mão do mandato para fugir da cassação, mas manteve a influência no partido e teria negociado com o Palácio do Planalto o apoio de seus pares à candidatura de Aldo Rebelo à presidência da Câmara. Valdemar teve R$ 1,114 milhão em emendas liberado para empenho em setembro, sendo R$ 420 mil no auge da disputa na Câmara.
Já o ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti - que renunciou no dia 21, pressionado pelas denúncias de que teria recebido propina do empresário Sebastião Buani - demonstrou na eleição da Câmara que ainda mantém grande influência sobre o chamado baixo clero. Ele também foi agraciado com a liberação de emendas na semana que deixou o cargo e alguns dias depois. Severino teve R$ 1,082 milhão em emendas liberado para empenho em setembro, sendo R$ 592 mil na semana de sua renúncia e R$ 50 mil no dia 26, quando já deixara o cargo.
Roberto Jefferson tornou-se o principal algoz do governo ao denunciar o mensalão, mas nem por isso deixou de receber tratamento privilegiado em relação às emendas que apresentara. Jefferson foi cassado pelo plenário da Câmara no dia 14 de setembro. Entre os dias 1 e 16 deste mês, foram liberados R$ 1,2 milhão em emendas do parlamentar. O levantamento sobre a liberação de emendas foi feito pela assessoria técnica da liderança do PFL no Congresso.
O governo jogou duro com os partidos nos primeiros oito meses do ano e manteve as portas do Tesouro fechadas para as emendas dos parlamentares. Já em setembro, esse comportamento mudou. Na sexta-feira, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, anunciou a liberação de R$ 500 milhões em emendas, a pedido do coordenador político do governo, ministro Jaques Wagner.
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