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Propaganda da Sanepar , uma das que não fazem parte do orçamento aprovado pela Assembleia Legislativa, pela empresa não ser órgão da administração direta | Albari Rosa/Arquivo/ Gazeta do Povo
Propaganda da Sanepar , uma das que não fazem parte do orçamento aprovado pela Assembleia Legislativa, pela empresa não ser órgão da administração direta| Foto: Albari Rosa/Arquivo/ Gazeta do Povo

Prefeitura de Curitiba tem 13% a mais para propaganda

A prefeitura de Curitiba planeja gastar R$ 28,2 milhões em 2010 com campanhas de publicidade e propaganda. Serão R$ 3,3 milhões a mais do que o autorizado para o ano passado, o que corresponde a um aumento de 13%. A oposição ao prefeito na Câmara Municipal de Curitiba reclama do valor destinado para a área.

Os vereadores tentaram diminuir a verba autorizada para publicidade no orçamento por meio de emendas, mas não tiveram sucesso. Das sete emendas apresentadas pelo bloco de oposição ao Plano Plurianual que foram levadas para votação no plenário, cinco pediam a realocação de parte da verba destinada à publicidade para outras atividades. Nenhuma delas foi aceita.

"Acredito que deveria haver uma redução desses gastos que nem sempre são importantes para a cidade. Esse dinheiro poderia ser destinado a outras áreas, de mais importância social", diz a vereadora Professora Josete (PT).

O secretário municipal de Comunicação Social, Marcelo Cattani, rebate as críticas da oposição. Ele lembra que o gasto com publicidade previsto para este ano corresponde a apenas 0,6% do Orçamento de 2010, que é de R$ 4,056 bilhões. "A gente faz obras e comunica as obras. A vereadora Professora Josete (PT) poderia sugerir que o governo federal destinasse tudo o que prevê para investir em publicidade para a realização da obra do metrô de Curitiba", diz.

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O governo federal pretende gastar R$ 699 milhões com propaganda e publicidade em 2010. O valor é superior ao permitido pela lei eleitoral, segundo a qual o governo só pode gastar com publicidade em ano de eleição federal o mesmo que foi desembolsado no ano anterior, ou a média dos três anos anteriores – é dada preferência para o menor valor.A média de gastos na área no último triênio é de R$ 412,16 milhões, cerca de R$ 287 milhões a menos (ou 41% menor) que o programado para publicidade em 2010. Além disso, o orçado para este ano conta com R$ 110 milhões a mais que para 2009 – o equivale a um aumento de 18,6%. A assessoria de imprensa da Presidência da República justifica que parte da dotação para a área será contingenciada (ficará parada nos cofres do governo) depois que a Justiça Eleitoral fixar o valor máximo permitido por lei a ser gasto em 2010. A restrição das despesas com publicidade, que serão estabelecidas, também incluirá as verbas das empresas estatais, com valores não disponíveis no Orçamento votado pelos parlamentares.

Além da restrição de valores, a legislação proíbe que governo e estatais façam propaganda institucional durante o período eleitoral – que irá 3 de julho a 3 de outubro. A mesma regra servirá para o governo estadual, que terá cargo em disputa em 2010.

Brecha

Na avaliação do cientista político Ricardo Costa de Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), mesmo com a restrição estabelecida pela Lei Eleitoral, o governo encontrará uma brecha na legislação para "investir pesado" em publicidade.

Em 2006, ano da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Presidência concentrou os gastos com publicidade institucional no primeiro semestre do ano, quando ainda não havia começado o período eleitoral. Dessa maneira, nos primeiros seis meses de 2006, a Sub­secretaria de Publicidade da Presidência desembolsou R$ 115,4 milhões com publicidade institucional. Quase equivalente ao gasto de todo o ano de 2005.

Para Oliveira, é preciso fazer regras mais claras para estabelecer o que é propaganda institucional e de utilidade pública e como devem ocorrer esses gastos em ano eleitoral. Além disso, na opinião dele, também é preciso que a população fiscalize e acompanhe a execução do Orçamento para impedir possíveis abusos.

Distribuição

A Presidência será a pasta que ficará com a maior parte das verbas destinadas a campanhas publicitárias neste ano: R$ 212 milhões. Desse valor, segundo a assessoria de imprensa do Planalto, R$ 167 milhões ficarão com a Secretaria de Comunicação (Secom) e serão destinados à publicidade institucional – de governo e ministérios –, o que corresponde a 24% do gasto global previsto para a área de propaganda.

Os 76% restantes serão destinados à propaganda de utilidade pública e divididos entre secretarias da própria Presidência e ministérios. A pasta que ficará com a maior parte dessa verba será a da Saúde, que contará com R$ 128 milhões. Em seguida, está o Ministério das Cidades, com R$ 124,95 milhões. A assessoria de comunicação do Palácio do Planalto argumenta que não seria possível comparar os gastos com publicidade da Secom com os de outros ministérios. Isso porque, segundo a assessoria, a Secom atende a todo o governo, incluindo os ministérios, que ainda têm dotação orçamentária para gastos com propaganda de utilidade pública.

Estado programa R$ 1,5 milhão para divulgação neste ano

O governo do Paraná prevê gasto de R$ 1,5 milhão com divulgação em 2010 – considerando apenas as despesas da administração direta. O valor corresponde a pouco mais que o dobro do programado para a área no ano passado: R$ 700 mil. Apesar dessa previsão, o governo desembolsou R$ 1,9 milhões na área em 2009. O secretário estadual de Co­­municação, Benedito Pires, justifica a diferença de R$ 1,2 milhão entre o que foi planejado em 2009 e o efetivamente gasto di­­zendo que "certamente foi causada pela gripe A, que fez o governo promover ações de comunicação de emergência", afirma. "Não foi reservado um valor maior porque certamente o governo não tinha a intenção de fazer esses gastos com propaganda", diz. Ele argumenta que, mesmo com a diferença entre o que foi planejado e o gasto com divulgação, os gastos do governo para a área são muito baixos.

O baixo custo com publicidade e propaganda é uma das marcas do governo de Roberto Requião. Os valores dentro do orçamento, no entanto, desconsideram o que é desembolsado para manter a tevê e a rádio Educativa – emissoras estatais –, nas quais são veiculadas palavras do governador e que abrem espaço todas as terças-feiras para a transmissão ao vivo da reunião semanal de governo. Para este ano, o orçamento da tevê estatal é de R$ 18,4 milhões.

Além disso, o valor de R$ 1,5 milhão para 2010 não inclui a impressão e distribuição do jornal Notícias do Paraná, em que são divulgadas as ações do governo estadual. A impressão do jornal é feita pela Imprensa Oficial e o material é produzido pelas assessorias de comunicação das secretarias e empresas públicas do Paraná.

As despesas do governo com divulgação e publicidade foram motivo de polêmica no fim do ano passado, quando o deputado Reni Pereira (PSB) apresentou parecer recomendando a rejeição de contas do governo do estado de 2006. O motivo seria a ausência de parte das autorizações prévias da Secretaria de Estado da Comunicação Social para os gastos com divulgação do governo (incluindo as despesas das empresas públicas) – pela lei estadual, todas as despesas com divulgação do governo devem ser autorizadas previamente pela Secretaria de Comunicação. Apesar disso, as contas foram aprovadas pelos deputados estaduais.

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